INVESTIGAÇÃO

PF na cola do "Orçamento Secreto": relatório sigiloso liga Arthur Lira a contrato fraudulento de R$ 20 milhões em Ouro Branco

Investigação da Operação Overclean aponta que emendas do ex-presidente da Câmara financiaram obra tocada por empresa acusada de lavagem de dinheiro; STF acompanha o caso

Por Redação com agências Publicado em 19/12/2025 às 10:30
Arthur Lira (PP-AL) Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

Um relatório sigiloso da Polícia Federal colocou o deputado federal e ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no centro das investigações da Operação Overclean. O documento, revelado pela jornalista Natália Martins (R7), aponta que recursos de emendas parlamentares indicadas por Lira foram destinados a um contrato fraudulento em Ouro Branco, no Sertão de Alagoas.

A investigação, que tramita sob sigilo no STF com relatoria do ministro Flávio Dino, investiga o uso do chamado "orçamento secreto" para beneficiar a empresa Allpha Pavimentações.

O esquema em Ouro Branco

O foco é uma obra de pavimentação de 14km de estrada vicinal, orçada em R$ 20,3 milhões.

  • A Ligação: Em dezembro de 2023, Lira participou pessoalmente da assinatura da ordem de serviço, celebrada como a "maior obra asfáltica" da cidade.
  • A Fraude: A execução foi viabilizada via DNOCS-AL, que aderiu a uma ata de registro de preços do DNOCS da Bahia. Segundo a CGU, essa licitação original já era fraudada, com sobrepreço e direcionamento.
  • Pagamento Duplo? A PF descobriu que, após pagamentos de R$ 13 milhões, houve uma tentativa de usar o DNOCS do Ceará para pagar novamente pela mesma obra, usando medições duplicadas. O repasse só não ocorreu porque a operação foi deflagrada.

Quem são os donos?

A empresa Allpha pertence aos irmãos Fábio e Alex Rezende Parente, presos na primeira fase da operação. A CGU estima que o grupo movimentou R$ 1,4 bilhão usando empresas de fachada para lavar dinheiro público.

A assessoria de Arthur Lira foi procurada, mas não se manifestou até o momento.