Sala de Recursos estimula talento de estudante da Educação Inclusiva

A estudante da Escola Municipal Maria de Lourdes Bezerra Nunes, localizada no bairro Mangabeiras, Maria Eduarda, é um exemplo de como o talento pode florescer com apoio e oportunidade. Com altas habilidades identificadas, ela tem, na Sala de Recursos da unidade de ensino, um ambiente acolhedor e propício para exercitar a criatividade por meio do desenho e da modelagem em biscoito.
Duda, como é chamado por todos, é um talento nato. É assim que Kledja Torres, professora da Sala de Recursos, descreve a arte da aluna, de 12 anos. Além de altas habilidades, ela também possui Transtorno do Espectro Autista (TEA). O apoio pedagógico fornecido na Sala de Recursos faz com que um estudante expresse suas habilidades artísticas com um desenvolvimento pleno.
Com investimento familiar na compra de materiais, Maria Eduarda cria figuras com massa de modelar e biscoito. Com papel e a massinha, o estudante também construiu bonecos articulados, com movimento de membros e olhos e ainda faz pequenas miniaturas usando materiais como isopor e plástico
"Ela já nasceu com esse talento e o que nós fizemos, enquanto educadores, foi incentivada, proporcionando a Duda materiais como massa de modelar, biscoito, e assim descobrimos as várias habilidades dela com as mãos. Trabalhamos, na sala do Atendimento Educacional Especializado (AEE), movimentos de pinças, fazendo modelagem, criando cada mais peça linda do que a outra", explicou Kledja.
Altas habilidades
Com o orgulho estampado nos olhos, Maria das Graças conta como descobriu o talento da filha aos 6 anos de idade. "Foi na escola que tudo começou. A gente descobriu que ela tinha essa habilidade, esse dom para o desenho. A criatividade é dela, vem naturalmente. E em casa, a gente só faz criação", disse.
A técnica da Coordenação de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação (Semed), é a responsável por analisar e identificar possíveis casos de estudantes com altas habilidades ou superdotados na rede pública municipal de ensino.
Tânia Vasconcelos explica que a escola identifica a criança que está acima do nível da média da turma. São habilidades nas artes, como é o caso da Duda, ou em qualquer área do conhecimento, como história, geografia, matemática. “A partir disso, aplicamos fichas de observação com a ajuda dos professores e colegas para entender melhor o perfil da criança”, explicou.
No caso de Maria Eduarda, a observação iniciada na Escola Municipal Pedro Barbosa Júnior, onde Duda estudou antes, quando a análise foi feita pela equipe pedagógica da unidade de ensino. "A diretora e a professora da Sala de Recursos me chamaram, fiz toda a observação, portfólio, conversamos com a família. Quando ela veio para a escola atual, o trabalho contínuo, sempre buscando estimular e enriquecer essas habilidades", detalhou Tânia.
Segundo a técnica da Semed, o trabalho com alunos com altas habilidades não deve ser interrompido. Se não houver estímulo, a criança pode se desinteressar pela habilidade existente. "Por isso, ganhamos com base nos três anéis de Renzulli: criatividade, alto desempenho e envolvimento com a tarefa. É fundamental manter esses pilares ativos", frisou Tânia.
Além do acompanhamento individual, as escolas promovem feiras, exposições e apresentações, para que os alunos com talentos sejam valorizados também pelos colegas, como é feito com a Duda.
Tânia reforçou a importância da participação da família e do olhar atento da escola para garantir o desenvolvimento de crianças com altas habilidades. "Espero que todas as escolas e famílias façam esse trabalho. Porque uma criança com altas habilidades, sem incentivo, pode perder a chance de florescer por completo", alertou.
Atendimento Educacional Especializado
"Na sala de aula, são muitos por turma, e às vezes esse talento passa despercebido, porque são muitos alunos para dar atenção. Aqui, a gente consegue perceber essas habilidades e incentivos, cada vez mais, para que esse aluno possa evoluir", reforçando Kledja.
A professora explicou que, na Sala de Recursos, os profissionais desenvolvem o trabalho com movimentos de pinça, para trabalhar a modelagem de peças. “O nosso maior objetivo na sala do AEE é estimular o aluno para que ele possa, cada vez mais, criar e mostrar suas habilidades, porque à medida que o tempo vai passando, se a criança não recebe esse estímulo, isso pode ir se perdendo na vida dele”, revelou.
Quando o trabalho é realizado de forma individual, é satisfatório o desenvolvimento individual de cada criança. É o caso da Duda, que com o tempo e os incentivos necessários, aprimorou seu trabalho.
"Cada vez mais, a Duda começa a criar objetos e desenhos, através do biscoito, do lápis e de outros materiais. Ela surpreende a gente, porque é uma artista nata", finalizou a professora Kledja, orgulhosa do trabalho da aluna.