Vereadores da legislatura passada são cúmplices do contrato que entregou a água de Palmeira dos Índios à Águas do Sertão por 40 anos

A crise hídrica que castiga a população de Palmeira dos Índios não é fruto do acaso — tem responsáveis com nome, cargo e mandato. Entre eles, os vereadores da legislatura passada da Câmara Municipal, que aprovaram sem resistência o contrato de concessão que entregou, por 40 anos, a água do povo palmeirense à empresa privada Conasa Águas do Sertão.
O contrato, firmado em meio a promessas de melhorias no abastecimento, tarifas justas e investimentos em saneamento, tem se mostrado uma armadilha para a cidade. Hoje, bairros como o Brivaldo Medeiros e comunidades rurais enfrentam longos períodos sem água nas torneiras. A empresa é alvo constante de queixas por tarifas abusivas, cobrança de 80% de esgoto mesmo onde não há rede adequada, calçamentos destruídos e falta de transparência. E tudo isso com a chancela da Câmara Municipal, que em 2021 deu seu aval ao contrato que hoje aprisiona a cidade por quatro décadas.
Os vereadores que compunham a legislatura de então, seis deles ainda com mandato, são corresponsáveis por esse cenário. Foram cúmplices diretos da venda do bem mais precioso da população: a água. Silenciaram diante do contrato assinado pelo ex-prefeito, sem exigir garantias efetivas, sem debater amplamente com a sociedade e sem impor mecanismos de fiscalização rigorosa. O resultado é uma cidade refém de uma empresa que não cumpre o mínimo e cobra como se entregasse o máximo.
A indignação popular cresce a cada dia, e as cobranças por justiça, revisão ou extinção desse contrato também. Enquanto isso, parlamentares que participaram da aprovação tentam se esquivar da responsabilidade, culpando a empresa, o Executivo ou até mesmo a imprensa — mas esquecem que foram eles os que levantaram a mão e disseram “sim” à concessão.
Palmeira dos Índios vive hoje uma tragédia anunciada. E ela tem origem na Câmara. O povo, que não foi ouvido, agora sofre. E aqueles que se calaram ou se omitiram no passado, têm hoje a obrigação moral de reconhecer seu erro e lutar, com firmeza, por soluções reais. A história cobrará. E a população também.