Glauber Braga entra em greve de fome e acusa Arthur Lira de articular sua cassação na Câmara
Deputado do PSOL protesta contra parecer do Conselho de Ética e afirma que Lira quer silenciar a oposição

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) anunciou nesta quarta-feira (10) que está em greve de fome há 30 horas, ingerindo apenas líquidos, em protesto contra o parecer aprovado no Conselho de Ética da Câmara que recomenda a sua cassação. A decisão ainda será levada ao plenário da Casa, onde poderá ser confirmada ou rejeitada.
Segundo o parlamentar, a iniciativa é uma forma de resistência política e pessoal contra o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), com quem mantém uma relação marcada por embates intensos nos últimos anos.
“Estou há trinta horas em greve de fome. Só líquidos. Minha resposta ao autoritarismo de Arthur Lira. Ele quer me ver cassado por dizer a verdade sobre seus métodos. Não aceitarei calado”, escreveu Glauber nas redes sociais.
A origem do processo
O processo contra Glauber Braga foi motivado por acusações de quebra de decoro parlamentar após sucessivas falas e confrontos diretos com Lira no plenário da Câmara. Em discursos inflamados, Glauber chegou a acusar o presidente da Casa de comandar a Câmara como um “império autoritário” e de manipular votações em benefício de seus aliados.
Arthur Lira, por sua vez, moveu representação no Conselho de Ética, que culminou com a aprovação de parecer favorável à cassação do mandato do deputado do PSOL — medida que agora dependerá do voto aberto de 513 deputados.
Solidariedade e repercussão
A greve de fome de Glauber gerou forte repercussão nas redes sociais, com manifestações de solidariedade de movimentos sociais, lideranças de esquerda e parte da opinião pública. Parlamentares do PSOL, PT, PCdoB e Rede já manifestaram apoio ao colega, classificando a ação do Conselho como “perseguição política”.
O caso reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão parlamentar e os critérios para configuração de quebra de decoro, especialmente quando envolvem confrontos entre parlamentares e figuras do alto escalão da Câmara.
Próximos passos
O processo seguirá agora para o plenário da Câmara, que terá a palavra final sobre a cassação ou não do mandato de Glauber Braga. Para que a pena seja confirmada, são necessários ao menos 257 votos favoráveis entre os deputados presentes.
Enquanto isso, Glauber mantém sua greve de fome como forma de protesto e resistência simbólica:
“Cassam meu mandato, mas não minha consciência. Lira quer silenciar a oposição. Não vai conseguir.”
A votação em plenário ainda não tem data marcada. Até lá, os desdobramentos prometem elevar ainda mais a temperatura política em Brasília.