Bastou a confirmação de que o ex-prefeito James Ribeiro (REP) pode entrar na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) para o tabuleiro político de Palmeira dos Índios entrar em ebulição. O anúncio, feito durante entrevista à Rádio Francês Agreste FM e retransmitido pela Cacique FM, mexeu com a base, com a oposição e, principalmente, com os planos do ex-prefeito Júlio Cezar, o "imperador", que agora vê o mar político, antes calmo, se transformar em águas revoltas.

Até então, Júlio Cezar navegava sozinho no eleitorado palmeirense, com a perspectiva de uma candidatura proporcional estadual relativamente tranquila, mesmo diante de desgastes acumulados. Mas a entrada de James, que tem forte recall eleitoral, base consolidada, discurso afiado e ligação com lideranças de peso, promete dividir – ou até dominar – o eleitorado local, tradicionalmente polarizado entre dois grupos históricos.

O que diz a matemática política?

Com estimativas de bastidores apontando que James pode abocanhar mais de 60% dos votos em Palmeira dos Índios que seriam destinados ao "imperador", o cenário se torna crítico para Júlio. O cálculo político é ainda mais incômodo quando se observa o desempenho dos pré-candidatos do MDB, que têm base sólida e projeções de votação acima de 35 mil votos, enquanto Júlio, até o momento, não ultrapassa a marca e estimativa de 20 mil – patamar considerado insuficiente em uma eleição estadual disputada e pulverizada.

Sem espaço no MDB e barrado no PT

A situação de Júlio Cezar complica ainda mais quando se analisa seu limbo partidário. Fora do MDB e sem espaço real para retorno, ele tentou sinalizar aproximação com o PT, mas já encontrou barreira clara do deputado estadual Ronaldo Medeiros, que disputa a presidência do diretório estadual da sigla.

"Se eu for eleito presidente do PT em Alagoas, Júlio Cezar não entra no partido", teria dito Medeiros, segundo fontes próximas ao núcleo do partido.

PSB, oposição ou isolamento?

Diante de tantos bloqueios, restam alternativas amargas ao ex-prefeito. Uma seria buscar abrigo no PSB do governador Paulo Dantas, embora isso pudesse gerar desconfortos na base governista, já ocupada por nomes mais competitivos. Outra hipótese, ventilada nos bastidores, seria um movimento surpreendente rumo à oposição, ou mesmo a tentativa de uma aliança forçada com o União Brasil ou siglas menores, na esperança de garantir palanque.

Não custa lembrar que, em tentativa recente de aproximação com o prefeito de Maceió, JHC, o ex-prefeito tentou uma audiência, mas sequer foi sequer recebido, segundo fontes próximas à articulação. A imagem que fica é de um político cada vez mais isolado e com poucas pontes a atravessar, enquanto o tempo eleitoral corre rápido.

2026 já começou

Fato é que, com a possível candidatura de James Ribeiro, o tabuleiro político da região mudou de cor. Quem apostava numa eleição morna para deputado estadual em Palmeira dos Índios agora precisa rever cálculos, alianças e estratégias. E no centro desse furacão, está Júlio Cezar, que vê seu castelo político estremecer.

A pergunta que todos fazem é: para onde vai o “imperador”?

A resposta, até o momento, nem ele parece saber.