A política arapiraquense ganhou novos contornos de acirramento após a recente publicação do deputado federal Daniel Barbosa (PP), onde se coloca como principal representante de Arapiraca na reunião com Hugo Motta (Republicanos/PB), apontado como futuro presidente da Câmara dos Deputados. O encontro, que contou com lideranças políticas como o governador Paulo Dantas e outros membros da bancada federal, também teve a presença do veterano deputado estadual arapiraquense Ricardo Nezinho (MDB), mas sua importância foi minimizada na narrativa de Barbosa.

Na postagem, Daniel Barbosa exaltou seu protagonismo como defensor das demandas do Agreste alagoano, ignorando a trajetória política de Ricardo Nezinho, parlamentar com quatro mandatos na Assembleia Legislativa e amplamente reconhecido como uma das principais vozes de Arapiraca. Nezinho foi citado apenas de forma superficial, como "mais um" na reunião, o que evidenciou a continuidade das divergências entre ele e Luciano Barbosa, pai do deputado federal por conta da escolha de Rute Nezinho, irmã de Ricardo como vice na eleição passada.

Uma rixa que se estende

O distanciamento entre Luciano Barbosa e Ricardo Nezinho já era notório no cenário político local, mas o episódio envolvendo Daniel Barbosa reforça a extensão desse conflito à nova geração. Nezinho, que vem mantendo uma atuação sólida e respeitada, não esconde a possibilidade de alçar voos maiores em 2026, concorrendo a uma vaga na Câmara dos Deputados, o que o colocaria diretamente no caminho de Daniel Barbosa.

Fontes próximas ao veterano deputado estadual indicam que a exclusão simbólica de seu nome por Daniel foi vista como uma provocação, subestimando sua relevância política e seu histórico de serviços prestados à população arapiraquense.

A política do protagonismo forçado
O gesto de Daniel Barbosa ao se proclamar “único representante do Agreste” é interpretado como uma tentativa de fortalecer sua imagem em um cenário cada vez mais competitivo, mas também pode ser visto como um tiro no pé. Ignorar Nezinho, que goza de ampla aceitação em Arapiraca e tem experiência suficiente para rivalizar em um eventual confronto político, soa como uma estratégia arriscada e pouco diplomática.

Especialistas avaliam que essa postura pode desgastar ainda mais as relações entre os dois grupos políticos e enfraquecer a base eleitoral de Barbosa em uma região que tem forte identificação com Ricardo Nezinho. A decisão de relegar o veterano político ao papel de coadjuvante não passou despercebida pela imprensa e pelos bastidores políticos, onde o gesto é encarado como imprudente.

Nezinho: rumo à Câmara Federal?

O movimento de Ricardo Nezinho rumo à Câmara Federal pode reconfigurar o tabuleiro político de Alagoas em 2026. Sua experiência, somada à insatisfação de setores políticos e do eleitorado com a atuação de Daniel Barbosa, pode torná-lo um adversário difícil de superar. Nezinho já demonstrou força em várias disputas eleitorais e conta com um histórico de articulação que lhe confere capital político significativo.