Documentário lançado na Câmara alerta para o risco de degradação irreversível da Amazônia
A Frente Parlamentar Ambientalista e o WWF-Brasil lançaram nesta terça-feira (12), na Câmara dos Deputados, o minidocumentário “Ponto de não retorno: Amazônia”. São 17 minutos de relatos de cientistas e de comunidades locais sobre a devastação nas bordas do bioma, em áreas de transição com o Cerrado, fortemente impactadas pelo avanço agropecuário, desmatamento, queimadas e perda da biodiversidade. A diretora do filme, Jacqueline Lisboa, deu o tom de alerta.
“A gente conseguiu detectar, junto com os cientistas que nos guiaram por parcelas da Amazônia monitoradas há 30 anos, árvores que estão morrendo no meio de uma floresta que parece intacta. E isso impacta muito também na biodiversidade da fauna. Por isso que esse minidocumentário é um grito de atenção, de socorro e de que a gente precisa fazer alguma coisa quanto a isso”, disse.
O chamado “ponto de não retorno” ocorre quando a devastação de um bioma chega a tal nível que não permite a recuperação natural da vegetação nativa. No caso da Amazônia, cientistas avaliaram que um índice próximo de 20% e 25% de devastação já tornaria irreversível a manipulação do bioma.
No filme, o doutor em ecologia Ben Hur Junior conta que a situação já está bem próxima disso em algumas áreas. “As condições ambientais mudaram. Está mais quente, está mais seco, a umidade do solo é mais baixa, o lençol freático de onde as árvores extraem água é muito baixo. Então, passa a existir um outro tipo de floresta, mais degradado”, disse.
Coletor de sementes na região, Ermínio de Oliveira testemunha uma gradual devastação amazônica. “Onde você vê essas obras na beira da estrada era tudo feito por vegetação: aqui era tudo verdinho, era tudo beleza. Esse rio aí tinha todo tipo de peixe. Foi o próprio homem que acabou: desmatou tudo, tirou todo o vegetação da terra”, lamentou.
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) representou a Frente Parlamentar Ambientalista no lançamento do filme. “Isso ameaça a vida humana na Terra. E esse documentário é um alerta. Na fronteira entre Amazônia e Cerrado, o processo de devastação, o descobrimento, a ganância e a pata do boi expulsam a vida e a biodiversidade que brotam lá. E permite aos seres humanos que saibam da importância da natureza. A situação é crítica: todo mundo tem que ter consciência disso”, revelou.
O minidocumentário “Ponto de não retorno: Amazônia” também destaca estudos do Projeto Seca Limite, uma parceria entre a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e a Universidade de Leeds, da Inglaterra.