Coruripe está entre os clubes manipulados: "Rebaixei 42 times", diz empresário na CPI de Apostas
Em depoimento à CPI de Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, ontem (08) William Rogatto, apontado como um dos principais chefes do esquema de manipulação, revelou uma atuação bastante polêmica, com impactos que chegaram ao futebol alagoano. Rogatto confessou que o Coruripe, clube de Alagoas, foi um dos 42 times rebaixados sob seu comando, numa estratégia que envolvia manipular resultados para lucro em apostas esportivas. Segundo ele, "rebaixei 42 times no Brasil e sou conhecido como o 'rei do rebaixamento'. Não dá para ganhar dinheiro sem rebaixá-los". Sua tática envolvia, frequentemente, aliciar presidentes de clubes financeiramente vulneráveis e utilizar jogadores "escolhidos" para influenciar partidas.
No depoimento, Rogatto também mencionou como infiltrava seus esquemas em clubes que estavam em dificuldades financeiras, o que facilitava seu acesso. Ele pagava valores elevados a jogadores, técnicos e até mesmo árbitros, com o objetivo de manipular os resultados de partidas. Sobre o Coruripe, ele detalhou que o clube, junto com outros times pequenos, foi alvo justamente pela vulnerabilidade financeira e pela facilidade de implementar seus métodos de manipulação sem grande resistência.
Além disso, Rogatto afirmou que utilizava uma rede extensa de influência para operar o esquema, contando com políticos, vereadores e até mesmo algumas figuras influentes no meio esportivo. Esta admissão sugere um problema sistêmico muito mais profundo, em que pequenos clubes como o Coruripe, muitas vezes, se tornam vítimas de uma engrenagem bem maior, que movimenta milhões de reais em apostas manipuladas.
A revelação de Rogatto traz um olhar crítico sobre a fragilidade dos clubes pequenos no futebol brasileiro, que se veem em uma posição vulnerável, muitas vezes precisando escolher entre a sobrevivência financeira e a integridade esportiva. No caso do Coruripe, essas denúncias podem impactar de maneira significativa a imagem do clube e expor a difícil realidade dos times menores frente aos interesses econômicos envolvidos no futebol profissional.