Lançado pelo PSDB, Datena critica licitação feita na gestão Bruno Covas
O apresentador José Luiz Datena (PSDB) oficializou nesta quinta-feira, 13, sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo. Após recuar de quatro pré-candidaturas em outras eleições, Datena disse que desta vez irá "até o fim". "Claro, uai. Eu não disse que vou?", respondeu ele ao ser questionado por jornalistas ao fim do evento. Datena não quis dar entrevista coletiva para preservar a voz.
Durante a cerimônia, criticou a licitação de transporte público assinada pelo então prefeito Bruno Covas, último integrante do PSDB a comandar a Prefeitura de São Paulo e que morreu em 2021. O jornalista afirmou que seu "sonho" é que a população da cidade entre no transporte coletivo sem pagar passagem de ônibus para o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o crime organizado. Ele mencionou a Operação Fim da Linha, que mirou o envolvimento da facção com duas empresas de ônibus que prestam serviço na cidade.
Os atuais contratos com as empresas de ônibus foram assinados por Covas em 2019, após seis anos sem passar por licitações. Datena chegou a aceitar ser vice de Covas em 2020, de quem se disse amigo, mas afirmou ter desistido para não atrapalhar o tucano, já que o PSDB naquele momento estava rachado. Sem o apresentador, o escolhido foi o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB).
O presidente do PSDB, Marconi Perillo, ressaltou em seu discurso que o jornalista é um "homem de palavra", que "cumpre o que promete".
'Imprevisível'
Nos bastidores do partido, mesmo os mais otimistas admitem que Datena é imprevisível. A pré-candidatura precisa ser confirmada pela convenção partidária, realizada entre o fim de julho e o início de agosto. No lançamento, o apresentador disse não ter medo de ser prefeito e que fará a campanha sem colete à prova de bala. "Vou fazer com o peito aberto. Atira aqui", afirmou, apontando para o próprio peito. "Se me deixarem de cadeira de rodas, eu termino a campanha de cadeira de rodas e ganho", declarou Datena.
Como antecipou o Estadão, Datena deixará seu programa na Band apenas no dia 30 de junho, prazo máximo definido pela legislação eleitoral. Ele afirmou que não desembolsará "um tostão" para financiar a campanha eleitoral. Questionado, Marconi Perillo disse que o valor exato a ser investido na candidatura ainda será definido pelo partido.
No discurso, Datena também criticou a polarização, que, segundo ele, quase levou ao golpe no 8 de Janeiro, e rechaçou que a divisão seja transferida para a eleição municipal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoia Guilherme Boulos (PSOL), enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se aliou a Nunes.
"No final, quem vai sair na urna no dia que você for votar? Pelo jeito, vai sair a cara do Lula ou do Bolsonaro. Quem vai governar a cidade de São Paulo não vai ser nenhum deles. Todo voto vai ser bem-vindo e bem recebido", disse Datena.
O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), que fez um discurso inflamado, minimizou a ausência de apoio de outros partidos ao pré-candidato tucano. Segundo ele, as alianças são importantes por causa do tempo de propaganda no rádio e na televisão, mas perdem relevância diante do nível de conhecimento de Datena entre a população.
Aécio citou Mario Covas Neto, que voltou ao partido recentemente, e o ex-senador José Aníbal como bons nomes para serem vice, mas ponderou que a decisão será tomada pelo diretório municipal.
O PSDB manifestava preferência pelo lançamento de uma candidatura própria, mas a ausência de nomes viáveis diante do enfraquecimento do partido nos últimos anos surgia como empecilho.
A dificuldade foi superada em abril, quando a também pré-candidata Tabata Amaral (PSB) articulou a ida de Datena para a legenda em uma tentativa de conseguir o apoio dos tucanos e ter ele como vice. Ontem, o apresentador elogiou a deputada e disse que tem respeito por ela. "Foi ela que sugeriu eu vir para o PSDB. Evidentemente, sob outras circunstâncias, que mudaram", afirmou sem entrar em detalhes. O coordenador político de Tabata, Orlando Faria, filiado ao PSDB e que tentava convencer o partido a apoiá-la, estava presente no lançamento da pré-candidatura, mas foi discreto. A deputada não compareceu.
Tabata e seu entorno demonstram ceticismo em relação a uma candidatura do apresentador a prefeito, mas argumentam nos bastidores que, caso isso ocorra, ele não tira votos dela, conforme as pesquisas mais recentes. Na última pesquisa Datafolha, divulgada no fim de maio, tanto Datena como Tabata aparecem com 8% das intenções de voto, empatados tecnicamente em terceiro lugar com Pablo Marçal (PRTB), que tem 7%. Boulos, com 24%, e Nunes, com 23%, lideram, também empatados dentro da margem de erro de três pontos porcentuais.
'Embrião'
"Nasce aqui hoje o embrião de um projeto importante para governar São Paulo, mas nasce aqui hoje, junto com Datena, um projeto para liderar o Brasil", disse Aécio Neves. O PSDB terá candidatos a prefeito em 120 das 645 cidades paulistas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.