Governo atua para minimizar impacto de tarifas da China sobre a carne bovina
Ministérios articulam medidas para defender setor pecuário após restrições chinesas; sobretaxa pode afetar exportações brasileiras.
Em nota conjunta divulgada nesta quarta-feira, 31, os Ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), da Agricultura e das Relações Exteriores informaram que o governo brasileiro tem agido de forma coordenada com o setor privado e continuará atuando junto ao governo da China, tanto bilateralmente quanto no âmbito da OMC, para mitigar o impacto das restrições e tarifas impostas à carne bovina do Brasil e de outros países exportadores.
O comunicado oficial destaca que o governo acompanha o tema com atenção e pretende defender os interesses legítimos dos trabalhadores e produtores do setor.
Segundo a nota, as medidas de salvaguarda são instrumentos de defesa comercial previstos nos acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC), utilizados principalmente para lidar com aumentos súbitos nas importações. “A medida não tem por objetivo combater práticas desleais de comércio e é aplicada às importações de todas as origens”, esclarece o texto.
Os ministérios ressaltam ainda que, nos últimos anos, o setor pecuário brasileiro tem contribuído de maneira consistente e confiável para a segurança alimentar da China, oferecendo produtos sustentáveis e competitivos, submetidos a rigorosos controles sanitários.
A salvaguarda adotada pela China entra em vigor nesta quinta-feira, 1º de janeiro, com duração prevista de três anos. Para o Brasil, foi estabelecida uma cota anual de 1,1 milhão de toneladas; exportações que excederem esse volume pagarão uma sobretaxa de 55%, além dos 12% já vigentes.
A China é o principal destino da carne bovina brasileira. A sobretaxa de 55% para volumes acima da cota de 1,106 milhão de toneladas, a partir de 1º de janeiro de 2026, deve ser difícil de compensar rapidamente, mesmo com o crescimento das vendas para outros mercados asiáticos neste ano.
Países como Indonésia, Vietnã, Cazaquistão e Macau têm registrado taxas expressivas de crescimento nas importações, mas ainda representam menos de 1% do total exportado pelo Brasil.