EMPREGO E ECONOMIA

Quarto trimestre de 2025 pode registrar taxa de desemprego abaixo de 5%, projeta IBGE

Coordenadora do IBGE destaca que ritmo de redução pode levar desemprego a novo piso histórico, mas alerta para incertezas no mercado de trabalho.

Publicado em 30/12/2025 às 11:33
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial Nano Banana (Google Imagen)

A taxa de desemprego no Brasil pode cair abaixo do piso histórico de 5% no trimestre encerrado em dezembro de 2025 — resultado previsto para divulgação no fim de janeiro de 2026 — caso seja mantido o ritmo observado nos últimos períodos. A projeção foi feita nesta terça-feira (30) por Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), durante a apresentação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). "Pode haver taxa menor que 5%, o quarto trimestre costuma ter taxas mais baixas", afirmou.

No entanto, Beringuy pondera que o patamar de 5,2%, registrado no trimestre encerrado em novembro, já representa o menor nível desde o início da série histórica, em 2012, e não é possível garantir que o mercado de trabalho manterá o ritmo de queda, especialmente no segundo semestre de 2025, quando houve recordes sucessivos. "Já viemos em um ritmo de redução do indicador, e a taxa de desemprego nunca ficou abaixo de 5%. Não tem como saber antes", explicou.

Segundo o IBGE, a população ocupada atingiu 103 milhões de pessoas, um avanço de 1,1% em relação ao mesmo trimestre de 2024. Esse número representa um novo recorde na série histórica, com crescimento também em relação ao trimestre móvel anterior: alta de 0,6%, ou 601 mil pessoas. O nível de ocupação — percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar — chegou a 59,0%, também recorde, com aumento de 0,2 ponto percentual no trimestre e estabilidade em relação ao ano anterior.

Mercado de trabalho e rendimento

O mercado de trabalho brasileiro segue demonstrando capacidade de manutenção e retenção de empregos, segundo a coordenadora do IBGE. Adriana Beringuy destaca que a mobilização da população ocupada em diferentes segmentos contribui para a queda do desemprego.

Além disso, os rendimentos do trabalho têm se mantido ou apresentado crescimento, o que se reflete no consumo, mesmo diante do elevado nível de endividamento das famílias. A massa de rendimentos aumentou mesmo com a expansão do mercado de trabalho, alcançando R$ 3.574 no trimestre encerrado em novembro, alta de 4,5% em relação ao mesmo período de 2024.

O consumo, impulsionado pelo aumento dos rendimentos, tem sido um fator importante para a manutenção da empregabilidade. "Parte significativa da massa de rendimento do trabalho é revertida em consumo", afirma Beringuy. "A economia conta com muitos trabalhadores cujo rendimento se mantém ou cresce."

O ano de 2025 foi considerado positivo no controle da inflação, com o mercado de trabalho garantindo ganhos acumulados. A esperada aceleração dos preços não se concretizou, e itens como alimentos permaneceram com preços baixos, liberando recursos para outros gastos familiares.

Beringuy ressalta que a estabilidade dos preços dos alimentos é especialmente importante para quem ganha até três salários mínimos. O controle da inflação, portanto, favoreceu o consumo, elemento fundamental para a empregabilidade.

Apesar dos resultados positivos, nem todos os setores apresentaram crescimento. Indústria, agricultura e construção mantiveram estabilidade. O comércio seguiu empregando um contingente relevante, enquanto a construção, mesmo com sazonalidade, manteve níveis expressivos de ocupação. O setor de serviços ganhou peso, possivelmente absorvendo parte da mão de obra do comércio.

Administração pública, educação e saúde também tiveram papel relevante, com 492 mil pessoas empregadas, quase metade delas na educação. O segmento de educação fundamental liderou as contratações, acompanhando o padrão sazonal, e a saúde ampliou vagas para nutricionistas, enfermeiros e fisioterapeutas.