Documentos mantidos em sigilo pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e revelados agora, após uma batalha judicial, trazem um diagnóstico alarmante sobre a segurança pública no país entre 2019 e 2020. Segundo os relatórios, os movimentos neonazistas representavam a ameaça de "maior potencial de crescimento" no Brasil naquele período.

O material foi obtido pela organização Fiquem Sabendo e divulgado pelo ICL Notícias. Em abril de 2020, a Abin mapeou que grupos de ultranacionalismo e neonazismo estavam se fortalecendo, inspirados pelo cenário internacional e reagindo contra minorias.

Grupos armados e "Incels"

A agência monitorava grupos como a "Nova Resistência", que em 2020 teria cerca de 100 membros ativos defendendo a "revolução armada". Outro ponto de atenção era a radicalização online de jovens ("incels"), misturando ódio a mulheres, negros e gays, fenômeno que impulsionou tragédias como o massacre de Suzano (SP).

Ecoterrorismo e Ameaças ao Governo

Os documentos também citam o ecoterrorismo como ameaça real na época. A célula "Sociedade Secreta Silvestre" (SSS) chegou a reivindicar atentados e fazer ameaças de morte (inclusive com uso de toxinas) contra o então presidente Jair Bolsonaro e ministros como Damares Alves e Ricardo Salles.

A liberação desses arquivos ocorre após decisão inédita do TRF-1 em maio de 2025, que determinou que a Abin não pode manter sigilo eterno sobre documentos de interesse público.