Dólar avança com tensão institucional, demanda sazonal e influência externa
Moeda americana sobe diante de riscos entre STF e Banco Central e expectativas sobre o Federal Reserve.
O dólar opera em alta no mercado à vista na manhã desta segunda-feira, 29, após iniciar o dia com viés de baixa frente ao real. O movimento reflete o aumento da demanda, possivelmente para remessas ao exterior neste fim de ano, e os ruídos institucionais envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Banco Central. O cenário ganhou destaque depois que o ministro Dias Toffoli manteve a acareação, marcada para terça-feira, 30, entre o diretor de Fiscalização do Banco Central, Aílton de Aquino, Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, e Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB, ambos investigados.
Além disso, há cautela nos mercados internacionais, especialmente em Nova York, antes da divulgação da ata do Federal Reserve, prevista para terça-feira. Na abertura, o dólar chegou a registrar queda pontual, com o real se beneficiando apenas de forma marginal da valorização do petróleo e do minério de ferro, fatores que continuam a apoiar moedas emergentes como o peso mexicano, o rand sul-africano e o rublo russo.
Pouco depois das 10h, o dólar renovou a máxima intradiária, atingindo R$ 5,5810 (+0,66%) no mercado à vista. Segundo Rafael Passos, sócio da Ajax Asset, a taxa de câmbio se ajusta à valorização global do dólar, impulsionada pela inflação persistente nas principais economias, e à demanda sazonal de fim de ano, marcada por menor liquidez e aumento das remessas ao exterior.
No Brasil, soma-se o risco institucional, aponta Passos. "A decisão do Banco Central sobre o Master foi técnica, baseada em passivos, liquidez e indícios de fraudes, mas vem sendo alvo de interferência do STF. Esse desequilíbrio entre os Poderes eleva a percepção de risco institucional do País e gera demanda adicional por dólar", afirma o especialista.