Técnica de mumificação no antigo Chile reflete adaptação cultural e resposta ao luto
Novo estudo aponta que a mumificação entre os Chinchorro, no norte do Chile, surgiu como resposta à alta mortalidade infantil e se tornou expressão de identidade coletiva.
Pesquisadores divulgaram um estudo que lança novas luzes sobre as razões que levaram a cultura Chinchorro, no norte do Chile, a desenvolver técnicas de mumificação há mais de 7.000 anos, segundo a revista Archaeology News.
De acordo com a publicação, a prática da mumificação, antes interpretada apenas como ritual ou inovação, provavelmente surgiu como uma resposta emocional à alta mortalidade infantil, auxiliando pequenas comunidades costeiras do Atacama na elaboração do luto.

Essas comunidades eram compostas por caçadores-coletores nômades e pescadores, reconhecidos também pela habilidade artística e por realizarem rituais funerários sofisticados.
"Eles produziram múmias cuidadosamente preparadas, que antecedem a mumificação egípcia em milênios, datando de cerca de 7.000 a 3.500 anos atrás. O processo era bastante intenso e criativo: os corpos eram desmontados, reforçados com paus, fibras, argila e terra, e depois remontados cuidadosamente", destaca a revista.
O estudo aponta que a tradição começou com o sepultamento de bebês e crianças, em um contexto de alta mortalidade provocada por contaminação ambiental.
A preservação dos corpos mumificados dos entes queridos auxiliava as famílias a enfrentar o luto e fortalecer os laços com os falecidos.
Com o passar do tempo, o ritual se estendeu a todos os membros da comunidade, tornando-se parte da identidade social e da memória coletiva do grupo.

No entanto, pigmentos usados no processo, especialmente os à base de manganês, podem ter causado intoxicações e doenças, levando a alterações nas práticas mortuárias.
O artigo conclui que a arte da mumificação foi uma forma criativa de lidar com a perda e transcender a morte, refletindo a adaptação cultural ao ambiente adverso.