CENÁRIO INTERNACIONAL

Ano eleitoral de 2026 mistura conflitos, instabilidade e testa influência dos EUA

Eleições nos EUA, América Latina e Israel acontecem sob guerras, polarização e pressões externas, podendo redefinir o equilíbrio geopolítico e testar o alcance da influência americana na região.

Publicado em 28/12/2025 às 12:07
Eleições de 2026 devem ocorrer sob guerras, instabilidade e forte influência dos EUA em diversos países. © AP Photo / Alex Brandon

Eleições decisivas em 2026 ocorrerão em meio a guerras, instabilidade e pressões externas, envolvendo Estados Unidos, América Latina e Israel. Os pleitos testarão a influência de Washington e podem redefinir cenários políticos marcados por polarização, crises internas e disputas geopolíticas.

O ano de 2026 será marcado por eleições decisivas em países da América Latina, nos Estados Unidos e em Israel, em um contexto ainda atravessado por guerras, tensões institucionais e pressões externas nessas regiões. Esse cenário reforça o peso geopolítico das disputas e a influência de agendas intervencionistas.

Nos Estados Unidos, as eleições de meio de mandato serão um teste crucial para o segundo mandato de Donald Trump. A disputa envolve a renovação da Câmara, parte do Senado e governos estaduais, em meio a uma maioria republicana estreita e batalhas judiciais sobre o redesenho de distritos eleitorais, prática que pode alterar artificialmente a correlação de forças no Congresso.

Sem uma maioria sólida, Trump pode enfrentar dificuldades para avançar sua agenda interna e externa, especialmente na América Latina, onde sua gestão tem adotado postura militarizada e retomado princípios da Doutrina Monroe. O resultado dessas eleições tende a impactar diretamente países da região que também irão às urnas.

Especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo apontam que Washington busca favorecer candidatos conservadores na América Latina. Na Colômbia, a pressão deve ser intensa, já que o presidente Gustavo Petro é crítico da política externa norte-americana e enfrenta forte polarização interna, agravada por crises políticas, trocas constantes de ministros e o recente atentado que matou o senador Miguel Uribe.

Com Petro impedido de concorrer, a esquerda deve lançar Iván Cepeda, mas analistas veem alta probabilidade de vitória conservadora. No Peru, a instabilidade permanece: após a queda de Dina Boluarte, o país chega ao sétimo presidente em menos de dez anos, enquanto o fujimorismo, liderado por Keiko Fujimori, mantém força e organização para tentar retomar o poder.

No Brasil, a análise do governo Lula é que os EUA vão apoiar abertamente qualquer candidato de direita que enfrente o presidente petista em 2026, mesmo com os esforços do Planalto para cooperar com a agenda norte-americana de combate ao narcotráfico na América Latina.

A Costa Rica, que vota em fevereiro, vive cenário mais estável, embora a criminalidade crescente deva dominar o debate eleitoral. O atual presidente, Rodrigo Chaves Robles, está impedido de disputar a reeleição.

Em Israel, as eleições de outubro ocorrerão sob o impacto da guerra em Gaza e de uma prolongada crise institucional. Benjamin Netanyahu, aliado de Trump e no poder por 17 anos não consecutivos, pretende concorrer novamente, mas pesquisas indicam que sua coalizão — já abalada por conflitos internos — pode não reunir apoio suficiente para formar governo, reacendendo o risco de nova sequência de eleições como a de 2019 a 2022.

Por Sputinik Brasil