Conterrâneos de Lula sofrem com impactos de torres eólicas no agreste de Pernambuco; Moradores de Caetés e cidades vizinhas relatam drama humano
Moradores do Agreste de Pernambuco, conterrâneos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, vivem um drama silencioso provocado pela instalação de torres de energia eólica em áreas rurais muito próximas às residências. As estruturas foram implantadas em Caetés, município onde Lula nasceu, e também em cidades vizinhas como Venturosa, gerando sofrimento físico, psicológico e social para famílias agricultoras.
“Parece um avião, só que nunca pousa”, relata o agricultor Leonardo de Oliveira Morais, que vive a apenas 180 metros de uma torre eólica instalada na zona rural de Venturosa. Segundo ele, o barulho das hélices é constante e se intensifica à noite, tornando a permanência no local insuportável.
“Quando é de noite, começa tudo de novo. O barulho. Eu não aguento mais ficar aqui”, desabafa.
Ruído constante, adoecimento e pedidos de socorro
Os relatos vão além do incômodo sonoro. Moradores afirmam que o ruído contínuo tem causado problemas de saúde, como insônia, estresse, ansiedade e até perda auditiva. Uma moradora, visivelmente abalada, relata que o marido “já está ficando surdo” e que sua própria condição de saúde piora a cada dia.
“Eu queria pedir à empresa, pelo amor de Deus, que comprasse ou modernizasse isso daqui, pra eu sair daqui. Eu não aguento mais”, diz a agricultora, em um apelo emocionado.
As torres fazem parte de um conjunto de empreendimentos incentivados por políticas federais de transição energética, que impulsionaram a expansão da energia eólica pelo Nordeste. Embora a matriz seja considerada limpa e estratégica para o país, o impacto humano sobre comunidades rurais tem gerado questionamentos crescentes.
Empresas alegam normas, moradores cobram reparação
Empresas do setor afirmam que parques eólicos mais recentes já seguem protocolos de distância mínima entre as torres e as residências. No entanto, muitos empreendimentos mais antigos foram instalados sem critérios claros de afastamento, deixando famílias encurraladas entre o barulho constante e a impossibilidade de mudar de local.
Órgãos ambientais e o governo de Pernambuco discutem alternativas para mitigar os impactos, incluindo indenizações, realocação de famílias e revisão de licenças ambientais. Enquanto isso, moradores seguem cobrando soluções concretas, afirmando que o progresso energético não pode avançar às custas da saúde e da dignidade humana.
O paradoxo em Caetés, terra natal do presidente
O caso ganha contornos simbólicos e políticos por atingir justamente cidades como Caetés, terra natal do presidente Lula, historicamente associada à luta do chefe do Executivo em defesa dos mais pobres e dos trabalhadores rurais. Para os moradores, há um sentimento de abandono e contradição.
Enquanto o Brasil avança na agenda da energia limpa e da transição energética, conterrâneos do presidente vivem sob o ruído permanente das hélices, esperando que o desenvolvimento sustentável também inclua justiça social, respeito às comunidades locais e o direito básico ao silêncio e à saúde.
Com informações do UOL