O Banco do Povo da China (PBoC) voltou a injetar yuans nos mercados financeiros por meio da operação reversa de recompra de 7 dias e fixou o valor da moeda no maior patamar desde setembro de 2024, sinalizando apoio ao fortalecimento da divisa frente ao dólar. No entanto, a mídia internacional destaca que o BC chinês também atua para conter uma valorização excessivamente rápida do yuan, buscando um ritmo "saudável" para o câmbio.

Nesta sexta-feira, 26, a autoridade monetária realizou operações de recompra reversa de 93 bilhões de yuans (aproximadamente US$ 13,2 bilhões) com prazo de sete dias e taxa fixa de 1,4%. Ao longo da semana, de 22 a 26 de dezembro, o total injetado pelo PBoC chegou a 422,70 bilhões de yuans (US$ 60,14 bilhões). O BC chinês também fixou a taxa diária cambial em 7,0358 yuans por dólar, o nível mais forte desde setembro de 2024, segundo o Nikkei Ásia.

O movimento ocorre em meio ao fortalecimento do yuan nos mercados onshore e offshore. Segundo o Goldman Sachs, o comunicado da reunião trimestral do PBoC indica preferência por uma política monetária mais reativa e por um yuan mais forte no mercado onshore, embora o banco central siga cauteloso diante de uma valorização demasiadamente rápida. O banco americano observa que essa postura pode resultar em uma política monetária chinesa mais flexível nos próximos meses.

De acordo com análise da Bloomberg, a taxa fixada pelo PBoC nesta sexta ficou cerca de 301 pontos abaixo da média esperada pelo mercado — a maior diferença desde 2018. Analistas ouvidos pela agência avaliam que a medida busca conter a valorização do yuan, diante dos riscos que um "rali rápido" pode trazer à estabilidade dos mercados financeiros chineses.

Operadores relataram à Reuters que grandes bancos estatais chineses foram vistos comprando ativamente dólares no mercado à vista onshore e reciclando rapidamente esses dólares no mercado de swap cambial, em mais um esforço para desacelerar os ganhos do yuan.

Apesar dessas intervenções, veículos domésticos, incluindo o estatal People's Daily, ressaltam como positiva a valorização do yuan frente ao dólar. Segundo os jornais, a força da moeda reflete a resiliência da economia chinesa e posiciona Pequim para ganhos de capital, em um cenário marcado pela fraqueza global do dólar — influenciada, entre outros fatores, pela redução dos juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA.