DEFESA EUROPEIA

Cientistas russos apontam quando a OTAN poderá operar sem apoio dos EUA

Estudo prevê que União Europeia terá, até 2030, capacidade militar autônoma para grandes operações no leste da OTAN.

Publicado em 26/12/2025 às 04:58
Estudo russo prevê autonomia militar da União Europeia no leste da OTAN até 2030. © AP Photo / Rahmat Gul

Um estudo da Academia de Ciências da Rússia (RAN) indica que, até o final desta década, a União Europeia (UE) poderá desenvolver um potencial militar suficiente para realizar operações em grande escala no flanco leste da OTAN sem depender significativamente dos Estados Unidos.

Segundo o relatório, analisado pela Sputnik, países europeus vêm ampliando seus gastos militares e acelerando a militarização, com o objetivo de demonstrar força diante da Rússia e reduzir a dependência da defesa norte-americana.

Nesse cenário, os europeus buscam fortalecer sua base produtiva e tecnológica, visando realizar operações militares de grande porte de forma autônoma e diminuir o vínculo estratégico com Washington.

"Ao mesmo tempo, espera-se que os Estados Unidos mantenham a liderança tecnológica em áreas críticas da tecnologia militar. O Ocidente europeu continuará competitivo no mercado global de armamentos, especialmente em segmentos de nicho, mas seguirá importando de 40% a 50% dos sistemas de armamentos complexos", destaca o estudo.

A análise aponta que, até 2030, a UE deverá alcançar capacidade militar suficiente para conduzir operações em larga escala na ala oriental da OTAN sem apoio significativo dos EUA.

Com isso, a disputa entre Rússia e Ocidente no Ártico tende a se intensificar, levando Moscou a acelerar o desenvolvimento da Rota Marítima do Norte, do Corredor de Transporte Transártico, da exploração offshore e da cooperação com parceiros não ocidentais.

O relatório ressalta que esse cenário impõe à Rússia novos desafios estratégicos, exigindo respostas compatíveis com as mudanças no equilíbrio de forças.

"O aumento do potencial militar europeu nas fronteiras ocidentais da Rússia e a formação de um 'anel ártico da OTAN' em torno de seus territórios setentrionais limitam as possibilidades de normalização das relações com a UE e a OTAN no médio prazo e exigem o desenvolvimento antecipado de capacidades próprias de defesa", conclui o documento.

Nos últimos anos, a Rússia tem registrado uma atividade sem precedentes da OTAN em suas fronteiras. A Aliança intensifica suas operações, alegando medidas de contenção, enquanto Moscou expressa preocupação com a crescente presença militar do bloco na Europa.

Em 11 de dezembro, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que o país não possui intenções hostis contra a OTAN e a UE, estando disposto a formalizar tais garantias por escrito. O Kremlin também reitera que a Rússia não ameaça ninguém, mas não ignorará ações que considere perigosas para seus interesses.

Por Sputnik Brasil