RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Relatório do Pentágono aponta ameaça chinesa, mas destaca abertura ao diálogo

Documento norte-americano reforça preocupação com avanços militares da China, mas reconhece importância de cooperação e canais de comunicação entre as potências.

Publicado em 25/12/2025 às 05:14
Relatório do Pentágono evidencia desafios e esforços de diálogo entre China e EUA. © AP Photo / Charles Dharapak

O mais recente relatório do Pentágono sobre o poder militar chinês mantém a China como foco de preocupação estratégica para os Estados Unidos, mas também enfatiza sinais de aproximação entre as duas potências, refletindo a complexidade das atuais relações sino-americanas, segundo veículos da mídia asiática.

O documento anual detalha os avanços militares de Pequim, reafirmando a percepção de desafio e ameaça crescente para Washington. No entanto, destaca que, sob a atual administração norte-americana, as relações bilaterais têm se fortalecido e que há esforços para ampliar os canais de comunicação militar com o Exército de Libertação Popular (ELP). Essa abordagem evidencia a dualidade do momento vivido pelos dois países.

O relatório segue a tradição de ressaltar a chamada "ameaça militar chinesa", apontando o fortalecimento das capacidades de defesa de Pequim como risco direto à segurança dos EUA. Para a China, entretanto, esse desenvolvimento é apresentado como resposta legítima à necessidade de proteger sua soberania, seu vasto território e sua população de mais de 1,4 bilhão de pessoas, especialmente diante do contexto sensível da Ásia-Pacífico.

O texto também observa que os gastos militares chineses permanecem proporcionalmente baixos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e abaixo da média global. Conforme destaca o Global Times, a insistência dos EUA em enxergar o avanço militar chinês como ameaça decorre de uma incompreensão persistente das intenções estratégicas de Pequim, que afirma serem transparentes e voltadas para a defesa e a preservação da paz.

De acordo com a China, sua política de defesa é essencialmente defensiva, moldada por uma história de invasões e conflitos. Modernizar as Forças Armadas seria, portanto, uma obrigação de qualquer Estado soberano diante de desafios de segurança cada vez mais complexos e de responsabilidades internacionais crescentes.

O relatório aborda ainda a posição reiterada da China de que não busca hegemonia, expansão territorial ou esferas de influência. Segundo Pequim, o fortalecimento militar visa garantir capacidade de dissuasão e vitória em conflitos defensivos, acompanhando o crescimento econômico e as obrigações globais assumidas pelo país.

Ao mesmo tempo, o documento reconhece que relações estáveis entre China e EUA são fundamentais para a ordem internacional. Ressalta que a cooperação entre as duas maiores potências mundiais é mais benéfica do que o confronto, especialmente em um cenário global em transformação. Evitar a chamada "Armadilha de Tucídides" é apontado como essencial para ambos os lados e para o mundo.

O relatório também destaca o papel da China em missões internacionais de paz, sublinhando sua significativa contribuição ao orçamento da ONU e sua participação em operações humanitárias e de segurança global. Esse engajamento, segundo o texto, demonstra que o desenvolvimento militar chinês não representa ameaça, mas sim um esforço para apoiar a segurança internacional.

Por fim, conforme o Global Times, o futuro das relações sino-americanas depende do diálogo, da construção de confiança mútua e do abandono da mentalidade da Guerra Fria. A China reafirma seu compromisso com o desenvolvimento pacífico e defende que apenas por meio da cooperação, e não do confronto, será possível construir uma relação estável, sustentável e benéfica para ambos os países e para a comunidade internacional.

Por Sputnik Brasil