Fé e Tradição: Missa do Galo reúne milhares de fiéis para celebrar o nascimento de Jesus
A cerimônia, que marca o início oficial do Natal para os católicos, mistura liturgia solene, simbolismo histórico e adaptações aos novos tempos.
NATAL, 24 de dezembro — À medida que a noite avança e as luzes das cidades se misturam com a decoração natalina, o silêncio da madrugada é rompido pelo sino das igrejas. É véspera de Natal, e para milhões de cristãos ao redor do mundo e no Brasil, o ponto alto da celebração não é apenas a ceia, mas a tradicional Missa do Galo.
A celebração, que liturgicamente comemora o nascimento de Jesus Cristo, carrega séculos de história e continua sendo um dos eventos mais assistidos do calendário católico, tendo o Vaticano como seu epicentro, onde o Papa Francisco preside a solenidade na Basílica de São Pedro.
A Origem do Nome
Curiosamente, o termo "Missa do Galo" é exclusivo dos países latinos. A explicação mais popular para o nome vem de uma antiga lenda: diz-se que um galo teria cantado exatamente à meia-noite no momento do nascimento de Jesus, anunciando a chegada do Messias.
Historicamente, a tradição remonta ao século V. O Papa Sisto III introduziu o costume de celebrar uma missa no momento ad galli cantum (ao cantar do galo), uma expressão romana que designava o início do novo dia, ou seja, a meia-noite.
Liturgia e Simbolismo
A atmosfera dentro das igrejas é de "Solene Vigília". As cores litúrgicas são brancas ou douradas, simbolizando a alegria e a pureza. O momento mais aguardado ocorre geralmente no início ou final da cerimônia: a entronização da imagem do Menino Jesus no presépio, muitas vezes carregada pelo sacerdote ou por crianças vestidas de anjos.
"A Missa do Galo não é apenas um rito, é o momento em que a igreja convida o fiel a 'nascer de novo' junto com a esperança que o Natal traz," explica o teólogo e historiador Roberto Mendes. "É a transição da espera do Advento para a alegria da chegada."
Adaptação aos Novos Tempos
Embora a tradição dite que a missa ocorra à meia-noite, nas últimas décadas, muitas paróquias brasileiras adaptaram o horário. Questões de segurança urbana e a dinâmica das famílias — que desejam participar da cerimônia antes da Ceia de Natal — fizeram com que muitas celebrações fossem antecipadas para as 20h ou 21h.
No entanto, o espírito permanece inalterado. Seja na grandiosidade das catedrais ou na simplicidade das capelas de bairro, a leitura do Evangelho de Lucas, narrando o nascimento em Belém, une comunidades em um sentimento de fraternidade.
O Natal em Família
Após a benção final e os votos de "Feliz Natal", as famílias retornam aos seus lares. A Missa do Galo serve, assim, como o elo espiritual que antecede a confraternização social. Em um mundo cada vez mais acelerado, a permanência dessa tradição secular demonstra a necessidade humana de pausar, refletir e celebrar a vida e a renovação.