FUGA NO SISTEMA PRISIONAL

Com ajuda de hacker, quatro detentos escapam de presídio em BH usando alvarás falsos

Um dos fugitivos, especialista em fraudes eletrônicas, coordenou a ação que permitiu a saída dos presos com documentos falsificados. Três permanecem foragidos.

Publicado em 24/12/2025 às 08:51
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial Nano Banana (Google Imagen)

Quatro detentos fugiram do sistema prisional de Belo Horizonte (MG) no último sábado, 20, utilizando habeas corpus falsificados. Até a noite desta terça-feira, 23, apenas um deles havia sido recapturado; os outros três seguem foragidos.

De acordo com as investigações, um dos fugitivos é um hacker preso em dezembro durante uma operação contra fraudes eletrônicas em sistemas judiciais. Ele teria sido o responsável por coordenar a fuga.

A ação criminosa envolveu o uso de alvarás de soltura falsificados no Banco Nacional de Mandados de Prisão, plataforma vinculada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A Secretaria de Justiça do Estado recebeu as informações fraudulentas para a liberação dos detentos.

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que instaurou procedimentos internos para apurar a fuga ocorrida no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira.

Os quatro homens foram identificados pela polícia mineira como Ricardo Lopes de Araújo, Wanderson Henrique Lucena Salomão, Nikolas Henrique de Paiva Silva e Júnio Cezar Souza Silva — este último já foi recapturado.

Segundo as investigações, Ricardo Lopes de Araújo, conhecido como Dom, foi quem coordenou a fraude. Ele é hacker e foi preso no início de dezembro, sendo um dos nove detidos na operação "Veredicto Sombrio", da Polícia Civil. Araújo é apontado como integrante de uma organização criminosa especializada em fraudes eletrônicas contra sistemas judiciais, em especial o CNJ.

O grupo investigado tentava liberar valores bloqueados pela Justiça e também alterar dados de mandados de prisão e alvarás de soltura.

"A ocorrência está sendo apurada administrativamente, e foram instaurados os procedimentos internos cabíveis, além dos encaminhamentos para as investigações no âmbito criminal", informou a Sejusp.

O CNJ esclareceu, por meio de nota, que não houve invasão ou violação estrutural aos sistemas judiciais sob sua administração. "As ocorrências em apuração referem-se ao uso fraudulento de credenciais legítimas de acesso, obtidas de forma ilícita", destacou o órgão.

As ordens fraudulentas foram identificadas em menos de 24 horas e canceladas, com a restauração dos mandados prisionais, "além do imediato acionamento dos órgãos de segurança estaduais e federais para a recaptura dos foragidos".