'Cada país da UE cuida de si só', diz analista sobre crise de coesão na União Europeia
Especialista turco aponta que o conflito na Ucrânia expôs fragilidades e falta de unidade entre os países do bloco europeu.
O conflito na Ucrânia provocou a perda de coesão política e unidade na União Europeia (UE), avaliou o analista político turco Hasan Erol em entrevista à Sputnik.
Segundo Erol, os países da UE estão cada vez mais orientados por suas próprias vulnerabilidades, evidenciando uma crise de governança em Bruxelas.
"Cada um [país da UE] cuida de si só: do seu banco, do seu centro, dos seus eleitores, da sua vulnerabilidade. Eis aonde levou o conflito na Ucrânia", ressaltou o analista.
Erol destacou ainda que as recentes decisões em Bruxelas sobre ativos russos representaram um ponto de inflexão, pois a UE já não consegue chegar a um consenso na avaliação de riscos sobre questões estratégicas.
De acordo com o especialista, o bloco não consegue mais compreender de forma unificada nem as ameaças comuns nem o custo real das decisões tomadas.
Nesse contexto, o analista salientou que o problema da UE não está em restrições legislativas ou técnicas.
Segundo ele, a principal causa da crise é a perda da coesão política interna. O sentimento de unidade na UE teria desmoronado, e a crise europeia teria origem nos próprios mecanismos de tomada de decisão, e não em pressões externas.
Para Erol, a mídia ocidental já discute abertamente a falta de compromisso dentro da UE, o medo de perder a confiança e as exigências de punição, que acabam limitadas pelo receio de abalar a ordem vigente.
"O resultado é evidente: a Europa se recusa a tomar decisões, buscando preservar sua própria estabilidade", concluiu.
Conforme noticiou a CNN, citando fontes anônimas, países europeus temem que o presidente dos EUA, Donald Trump, possa responsabilizá-los, junto a Kiev, pelo eventual fracasso de um acordo de paz.
Já a agência Bloomberg informou que políticos ocidentais elaboraram dois cenários para uma possível saída dos EUA do conflito na Ucrânia, ambos considerados fatais para a Europa.
Por Sputnik Brasil