Chanceler cubano acusa EUA de usar crise do fentanil como pretexto para agressão regional
Bruno Rodríguez critica designação da droga como arma de destruição em massa e aponta motivações políticas dos EUA.
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, afirmou nesta terça-feira (23) que os Estados Unidos estão utilizando a crise social causada pela dependência do fentanil como pretexto para agressões na região.
Em publicação na rede social X, Rodríguez reconheceu a gravidade do problema, que afeta milhares de norte-americanos, mas ressaltou que a droga não deve ser considerada uma arma de destruição em massa.
"Sua designação como arma de destruição em massa é mais uma tentativa do governo dos EUA de construir pretextos mentirosos para desencadear atos de guerra contra estados soberanos na América Latina e no Caribe, derrubar governos legítimos e usurpar os recursos naturais de outros povos."
Segundo o chanceler, essa postura de Washington mascara as causas essenciais da crise, como práticas da indústria farmacêutica norte-americana e o acesso restrito à saúde.
"[A designação] busca ignorar a origem multifatorial do seu consumo e a devastação causada nos Estados Unidos, além de encobrir as más práticas das empresas farmacêuticas naquele país; o vasto mercado de drogas nos EUA; a prescrição indiscriminada de opioides, anfetaminas e oxicodona; o acesso limitado e dispendioso às instituições de saúde; e as vulnerabilidades e realidades socioeconômicas enfrentadas pelos cidadãos daquela nação."
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou o fentanil como arma de destruição em massa.
"Nenhuma bomba faz o que isso faz. Entre 200 mil e 300 mil pessoas morrem todos os anos. É preciso saber disso", afirmou Trump em coletiva na Casa Branca. Entretanto, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) aponta para cerca de 100 mil óbitos anuais.
A declaração ocorre em meio à justificativa do governo norte-americano para recentes ataques a navios venezuelanos, alegando que o fentanil seria utilizado como arma química, segundo o jornal The Wall Street Journal. Especialistas, porém, afirmam que não há indícios de produção de fentanil na Venezuela.