Dólar recua após sete altas consecutivas e fecha a R$ 5,53
Atuação do Banco Central com leilões de linha e movimentações do mercado internacional influenciaram a queda da moeda americana.
Após sete sessões seguidas de alta, o dólar perdeu força frente ao real nesta terça-feira, 22, revertendo parte dos ganhos recentes. O movimento foi impulsionado por dois leilões de linha realizados pelo Banco Central, que ofertou US$ 2 bilhões e vendeu US$ 500 milhões, injetando liquidez em um mercado geralmente mais restrito devido à proximidade do feriado.
Durante o dia, a cotação máxima do dólar atingiu R$ 5,5975, mas encerrou o pregão a R$ 5,5314, queda de 0,95% e próxima da mínima de R$ 5,5304. O dólar futuro para janeiro recuou 1,21%, cotado a R$ 5,5300. No acumulado da semana, a moeda americana tem leve alta de 0,03% e, no mês, avança 3,69%, mas registra queda de 10,50% no ano.
Na véspera, o dólar fechou a R$ 5,5843, alcançando o maior patamar em cinco meses, de R$ 5,6072. O volume de remessas ao exterior e a postura defensiva dos investidores justificaram a atuação do BC para conter uma valorização mais acentuada da moeda.
O índice DXY, que avalia o desempenho do dólar ante seis moedas fortes, também recuou 0,34%, fechando em 97,948 pontos, após atingir mínima de 97,852.
Segundo Jonathan Woo, head da mesa de câmbio e internacional da Mirae Asset Brasil, a venda parcial do BC sinaliza conforto com o nível atual das reservas. "Talvez o mercado esperasse uma ação mais direta para aliviar a pressão cambial, mas ficou claro que o BC estava satisfeito com a venda de US$ 500 milhões", avaliou Woo.
Apesar da desvalorização do dólar nesta terça, operadores apontam que fatores externos tiveram influência limitada. O Departamento de Comércio dos EUA divulgou alta anualizada de 4,3% no PIB do terceiro trimestre, superando as expectativas.
No cenário interno, destaque para o IPCA-15 de dezembro, que subiu 0,25% no mês e 4,41% no acumulado do ano, abaixo do teto da meta de inflação. Para Woo, a prévia da inflação brasileira não foi suficiente para pressionar ainda mais o câmbio. O cancelamento da entrevista do ex-presidente Jair Bolsonaro ao portal Metrópoles também contribuiu para a estabilidade da moeda americana na parte da tarde.
"O cancelamento da entrevista de Bolsonaro foi positivo, pois havia receio de um apoio mais explícito à candidatura de Flávio Bolsonaro, ainda pouco consolidada", analisou Woo. Diante disso, investidores mantiveram posições defensivas, sem grandes alterações no câmbio.
Com o feriado de Natal esvaziando o mercado, as atenções se voltam para os dados de auxílio-desemprego dos EUA, que serão divulgados nesta quarta-feira, 23, pelo Departamento do Trabalho.
Com Legislativo e Judiciário em recesso, analistas aguardam movimentações políticas relevantes apenas no início de 2024, especialmente em relação à possível candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência. A escolha do próximo presidente do Federal Reserve, substituto de Jerome Powell, também está no radar do mercado.