O presidente russo, Vladimir Putin, assinou recentemente um decreto que permite a cidadãos chineses entrarem e permanecerem na Rússia por até 30 dias sem necessidade de visto. A medida, segundo o internacionalista Ricardo Cabral, reforça a proximidade entre Rússia e China, duas das maiores potências do Sul Global.

Embora o decreto seja voltado principalmente ao turismo, analistas destacam que a iniciativa pode ampliar a interação cultural entre os países, que já compartilham uma longa história de contatos. Cabral ressalta que os laços sino-russos antecedem a própria formação da Rússia, lembrando que chineses já transitaram pelo território russo há séculos.

Para o internacionalista, a flexibilização também abre caminho para futuras concessões, especialmente no mercado de trabalho russo para cidadãos chineses. Ele avalia que o eventual fim do conflito ucraniano tende a acelerar o crescimento econômico de ambos os países.

O cientista político Diego Pautasso destaca que a isenção de visto é um sinal de confiança mútua e vai além do turismo, facilitando negócios, pesquisas, eventos acadêmicos e a mobilidade entre Rússia e China. Segundo ele, no médio e longo prazo, a medida tende a solidificar ainda mais as relações bilaterais, fortalecidas desde os anos 2000.

Pautasso observa ainda que a política de flexibilização de vistos tem sido adotada também pela China com outros parceiros estratégicos, contrastando com a postura dos Estados Unidos, marcada pelo endurecimento de políticas migratórias e crescente hostilidade a estrangeiros.