CRISE NO SETOR ELÉTRICO

Em disputa com autoridades, Enel descarta vender concessão de energia em São Paulo

Empresa italiana comunicou ao governo federal que pretende manter o controle da distribuição, apesar da pressão após apagões.

Por Sputinik Brasil Publicado em 22/12/2025 às 20:41
Executivos da Enel comunicam ao governo que não venderão concessão de energia em São Paulo. © Foto / Rovena Rosa / Agência Brasil

O alto escalão da Enel comunicou ao Ministério de Minas e Energia que não pretende vender a concessão de distribuição de energia elétrica da capital paulista e de cidades da região metropolitana. Essa alternativa era considerada a forma mais rápida de remover a empresa do comando do setor elétrico na maior metrópole do país.

Segundo informações do portal UOL, executivos da Enel informaram sua decisão ao governo federal por telefone, em conversa com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Arthur Valerio.

A ligação ocorreu após o ministro Alexandre Silveira anunciar, ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do prefeito Ricardo Nunes (MDB), o início do processo de caducidade da concessão da Enel — mecanismo que pode resultar na perda do direito de operar o serviço.

Por ser um processo demorado, a venda da concessão aceleraria a substituição da empresa, oferecendo resposta mais ágil à população paulistana, que pressiona Tarcísio e Nunes por soluções.

O estopim para o embate foi o ciclone que, há duas semanas, deixou mais de 2,2 milhões de imóveis sem energia em São Paulo. Outros apagões nos últimos anos reforçaram a demanda por mudança na concessionária responsável.

Com contrato válido até 2028, a Enel já pediu renovação e recebeu sinalização positiva da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que avaliou que a empresa italiana tem condições de manter a concessão no estado.

Há expectativa de interesse de grupos como CPFL, Equatorial e Neoenergia na compra da concessão, mas, além da recusa da Enel, pesa o fato de o contrato estar perto do fim, o que limitaria o retorno financeiro de eventuais novos investidores.