Primeiros-ministros da Dinamarca e da Groenlândia alertam EUA sobre tentativa de anexação
Declaração conjunta reforça soberania groenlandesa após nomeação de enviado especial americano para a ilha
Os primeiros-ministros da Dinamarca, Mette Frederiksen, e da Groenlândia, Jens-Frederik Nielsen, divulgaram nesta segunda-feira (22) uma declaração conjunta alertando os Estados Unidos contra qualquer tentativa de anexação da ilha localizada no Ártico. O comunicado foi emitido após o governo norte-americano nomear um enviado especial para o território.
“Já dissemos isso muito claramente antes. Agora dizemos novamente: não se pode anexar outros países, nem mesmo com o argumento de segurança internacional. A Groenlândia pertence aos groenlandeses, e os EUA não devem assumir o controle. Esperamos respeito à nossa integridade territorial comum”, afirmaram os líderes em nota oficial.
Mette Frederiksen acrescentou, por meio das redes sociais, que aliados históricos da Dinamarca estão colocando o país em uma posição delicada.
No domingo (21), o presidente Donald Trump anunciou a nomeação do governador da Louisiana, Jeff Landry, como enviado especial dos Estados Unidos para a Groenlândia. Posteriormente, Landry confirmou a intenção dos EUA de tornar a ilha parte de seu território.
Em resposta, o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, declarou estar extremamente chocado com as afirmações do novo enviado e informou que convocará o embaixador dos EUA em Copenhague para prestar esclarecimentos.
Trump já afirmou diversas vezes que a Groenlândia deveria integrar os Estados Unidos, citando sua importância estratégica para a segurança nacional e para a defesa do “mundo livre”, especialmente diante de ameaças da China e da Rússia. O ex-primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, reiterou que a ilha não está à venda e jamais estará.
Além disso, o líder norte-americano se recusou a garantir que não usaria força militar para estabelecer controle sobre a Groenlândia.
A ilha foi colônia dinamarquesa até 1953 e, desde então, permanece como parte do Reino da Dinamarca. Em 2009, a Groenlândia conquistou autonomia, passando a ter autogoverno e o direito de definir sua própria política interna.