Hubble detecta nova colisão de asteroides no jovem e turbulento sistema Fomalhaut (IMAGENS)
A estrela jovem Fomalhaut voltou a surpreender astrônomos após o Hubble detectar uma nova nuvem de poeira criada pela colisão de dois asteroides, o segundo evento do tipo observado no sistema em apenas duas décadas, revelando um ambiente dinâmico e possivelmente fértil para a formação de planetas.
As observações do Telescópio Espacial Hubble registraram, pela segunda vez na história, uma colisão entre asteroides ao redor de Fomalhaut, uma jovem estrela situada a apenas 25 anos-luz da Terra. O sistema, ainda envolto por um disco de detritos, é considerado um laboratório natural para estudar processos que antecedem a formação de planetas.
O novo evento envolve dois corpos rochosos de cerca de 60 quilômetros de diâmetro, cuja colisão gerou uma nuvem de poeira detectada como um ponto de luz súbito nas imagens do Hubble. Segundo o astrônomo Paul Kalas, trata-se de um fenômeno ausente em todas as observações anteriores, indicando uma explosão recente e violenta.

Fomalhaut já havia protagonizado um caso semelhante em 2004, quando um objeto brilhante — inicialmente interpretado como um planeta e batizado de Dagon — foi observado em sua órbita. Anos depois, novas imagens revelaram que o suposto planeta havia desaparecido, levando os cientistas a concluir que se tratava de uma nuvem de poeira resultante de outra colisão.
Em 2023, o Hubble voltou a observar o sistema e encontrou uma nova mancha luminosa, semelhante ao antigo Dagon. A equipe inicialmente acreditou tratar-se do mesmo objeto, mas comparações detalhadas mostraram que se tratava de uma fonte distinta, posteriormente nomeada Fomalhaut cs2, enquanto Dagon foi reclassificado como cs1.
Os pesquisadores concluíram que cs1 e cs2 são nuvens de poeira produzidas por impactos entre planetesimais de tamanho semelhante. Ambas surgiram na mesma região do disco externo, sugerindo que colisões desse tipo podem ser muito mais frequentes do que se imaginava — duas em apenas 20 anos, contra a previsão teórica de uma a cada 100 mil anos.
Esses eventos duplos permitem estimar características antes inacessíveis, como o tamanho dos corpos envolvidos e a população de objetos no disco. Modelos indicam que os planetesimais destruídos tinham cerca de 60 quilômetros de diâmetro e que o sistema pode abrigar até 300 milhões de objetos semelhantes.
O disco de Fomalhaut também apresenta lacunas concêntricas, possivelmente esculpidas por planetas em formação, embora nenhum tenha sido observado diretamente. Em 2023, o Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês) detectou outro aglomerado de poeira no mesmo anel externo, possivelmente fruto de mais uma colisão, hipótese ainda em avaliação.
Apesar das incertezas, o retrato emergente é o de um sistema extremamente dinâmico, marcado por impactos frequentes e condições propícias ao nascimento de planetas. Hubble e JWST continuarão monitorando cs2, acompanhando mudanças em sua forma e brilho que podem revelar como essas nuvens evoluem sob a influência da luz estelar.
Por Sputinik Brasil