Ações ofensivas dos EUA contra a Venezuela minam estabilidade global, aponta especialista
Analista turco alerta que bloqueio naval norte-americano pode criar precedente perigoso e afetar comércio mundial.
Um possível confronto militar entre os Estados Unidos e a Venezuela ameaça destruir o comércio global e abalar a ordem marítima internacional, criando um precedente de extrema gravidade, segundo avaliou à Sputnik o analista político turco Burak Keskin.
De acordo com Keskin, a situação envolvendo a Venezuela é paradoxal: não há declaração formal de guerra, decisão do Conselho de Segurança da ONU ou autorização do Congresso dos EUA. No entanto, observa-se, na prática, um bloqueio naval ao país latino-americano.
O especialista destaca que os Estados Unidos utilizam um modelo de influência ilegal ao disfarçar ações militares sob o pretexto de "aplicação da lei". Ele explica que a Casa Branca acusa o Estado venezuelano de envolvimento com o terrorismo e apresenta o bloqueio naval como uma medida legal.
"Se essa abordagem se tornar norma, resultará no colapso da liberdade dos mares, do comércio global e do próprio conceito de soberania estatal. Os Estados Unidos estão minando a ordem internacional vigente nos mares com suas ações, criando um precedente perigoso", alertou Keskin.
O analista também acredita que a Venezuela serve atualmente como um "campo de testes" para esse tipo de cenário, e que o próximo ponto crítico nas relações internacionais pode ser a situação em torno de Taiwan.
Anteriormente, o ex-analista da CIA Larry Johnson declarou, em entrevista à Sputnik, que uma guerra de guerrilha de grande escala contra as forças americanas seria a principal ameaça para os EUA em caso de invasão da Venezuela.
Os Estados Unidos justificam sua presença militar no Caribe como parte do combate ao tráfico de drogas. Em setembro e outubro deste ano, as forças armadas norte-americanas destruíram embarcações que supostamente transportavam drogas próximas à costa venezuelana.
O governo de Caracas classifica essas ações como provocações voltadas à desestabilização da região e como violações de acordos internacionais sobre o estatuto desmilitarizado e desnuclearizado do Caribe.
Por Sputnik Brasil