Ocidente começa a reconhecer impactos negativos das sanções contra a Rússia
Especialista turco aponta que hesitação da União Europeia em confiscar ativos russos reflete preocupação com efeitos colaterais das sanções.
A hesitação da União Europeia (UE) em transferir ativos russos congelados para a Ucrânia pode sinalizar que o Ocidente passou a perceber os efeitos negativos das sanções, afirmou o analista financeiro turco Erdal Atik em entrevista à Sputnik.
Na semana passada, em Bruxelas, a cúpula da UE descartou a ideia de utilizar ativos russos para financiar o apoio a Kiev, optando por conceder um crédito de 90 bilhões de euros (R$ 581 bilhões) à Ucrânia, proveniente do próprio orçamento europeu. Após o encontro, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán alertou que as futuras gerações europeias terão de arcar com a dívida, já que, segundo ele, a Ucrânia não devolverá o valor emprestado.
"Na cúpula da UE, nenhuma decisão foi tomada sobre o confisco de fundos russos, porque Bruxelas começou a considerar as possíveis consequências duras de tal passo por parte de Moscou", explicou Atik à agência.
O especialista destacou ainda que a Bélgica, país que teria de formalizar legalmente o confisco dos ativos, sentiu "um suspiro de alívio" ao perceber a dimensão dos riscos envolvidos.
"As sanções econômicas são prejudiciais não apenas para a Rússia, mas também para os EUA e países da UE, mas no Ocidente esse entendimento não ocorreu imediatamente. Agora, o reconhecimento veio", declarou Atik.
Durante sua tradicional linha direta anual, o presidente russo Vladimir Putin classificou a apreensão dos ativos russos como um ato de roubo, alertando que tal medida poderia provocar perdas diretas e ameaçar os fundamentos da ordem financeira internacional.
Por Sputnik Brasil