A Tupy, multinacional catarinense líder na produção de componentes para motores da indústria automotiva, recebeu do BNDESpar, seu maior acionista, a indicação do ministro da Defesa, José Múcio, para ocupar um assento no conselho de administração da companhia. Múcio deve substituir Márcio Bernardo Spata, funcionário de carreira do BNDES, que renunciou ao cargo de conselheiro.

O braço de participações do BNDES também indicou Tiago Cesar dos Santos, secretário-executivo da Secretaria de Comunicação Social, para integrar o conselho fiscal da empresa. Atualmente, a BNDESpar detém 30,7% do capital da Tupy, seguida pela Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), com 27%, e pela gestora Trígono, com 9,9%.

A Tupy vem se posicionando como uma das principais empresas brasileiras voltadas para a transição energética. Um dos projetos centrais nesse processo é a construção de plantas para produção de biometano e fertilizante organomineral a partir de dejetos de aves e suínos — negócio que pode dobrar o tamanho da companhia nos próximos anos, conforme reportado pela Broadcast/Estadão.

Atualmente, três unidades já operam em fase piloto, e o plano é alcançar 32 plantas em cinco anos.

Paralelamente à aposta em novos negócios, a Tupy anunciou recentemente um plano de ajustes em suas linhas de produção, visando reduzir em 25% a capacidade instalada e focar em eficiência operacional. O grupo conta com mais de 20 mil funcionários e atuação em 40 países, com plantas no Brasil, México e Portugal.

No terceiro trimestre deste ano, a Tupy registrou receita de R$ 2,4 bilhões, uma queda de 13% em relação ao mesmo período do ano anterior. No mesmo intervalo, o grupo teve prejuízo de R$ 40 milhões, atribuindo o resultado ao impacto das incertezas globais, como conflitos geopolíticos e tarifas, na demanda de seus clientes.

Governança

A indicação do ministro da Defesa ao colegiado da Tupy não é inédita no governo Lula. Anielle Franco (Igualdade Racial), Carlos Lupi (então ministro da Previdência) e Vinícius Marques de Carvalho (Controladoria-Geral da União) também ocuparam assentos no conselho da empresa entre 2023 e o início deste ano.

A nomeação dos três foi alvo de investigação pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sob suspeita de que teria ocorrido sem consulta prévia à Comissão de Ética Pública da Presidência. Eles deixaram o cargo em maio deste ano.