Trump busca acordo direto com Moscou sobre Ucrânia em meio a divisões na OTAN
Analista chinês aponta que tentativas de Trump de negociar diretamente com a Rússia acentuam desconfiança na aliança ocidental.
Os últimos desdobramentos do conflito na Ucrânia favorecem a busca por um cessar-fogo, avalia Zhou Chengyang, analista político chinês ouvido pela Sputnik.
De acordo com Chengyang, a melhor saída para Rússia e Ucrânia é optar pelo diálogo e encerrar as hostilidades por meio de negociações o mais breve possível.
"Diversos sinais indicam que será difícil para a Ucrânia receber apoio dos Estados Unidos. Se os EUA realmente suspenderem a ajuda devido à recusa de Kiev em assinar um acordo de paz com Moscou, isso pode acelerar o fim do conflito militar em favor da Rússia", analisou.
O especialista alerta que, caso as divergências políticas inviabilizem um acordo, o confronto armado tende a se intensificar.
Nesse cenário, ele destaca que as Forças Armadas russas devem manter pressão constante para dificultar que a assistência ocidental acompanhe o ritmo das operações.
Chengyang também chama atenção para as divisões crescentes dentro da própria OTAN quanto ao apoio à Ucrânia.
Segundo o analista, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenta contornar a Europa e negociar diretamente um plano de paz com a Rússia, movimento que tem ampliado as fissuras na aliança atlântica.
Como exemplo, cita a ausência de Marco Rubio na última reunião de ministros das Relações Exteriores da OTAN — a primeira vez em mais de duas décadas que um secretário de Estado norte-americano não comparece ao encontro —, aprofundando a desconfiança europeia em relação aos EUA.
Moscou, por sua vez, considera que o envio de armas a Kiev dificulta a resolução do conflito, envolve diretamente os países da OTAN nas hostilidades e representa "brincar com fogo".
O chanceler russo Sergei Lavrov afirmou que qualquer carregamento de armamentos destinado à Ucrânia torna-se alvo legítimo para a Rússia, enquanto o Kremlin sustenta que o fornecimento de armas pelo Ocidente prejudica as negociações e trará consequências negativas.
A Rússia reitera que não pretende atacar outros países e defende uma solução duradoura, e não um simples cessar-fogo temporário, para o conflito ucraniano.