Milei saúda pressão dos EUA e Trump por liberdade na Venezuela
Presidente argentino critica regime de Maduro e defende mudanças econômicas no bloco sul-americano durante encontro em Foz do Iguaçu.
O presidente da Argentina, Javier Milei, elogiou a pressão dos Estados Unidos e do ex-presidente Donald Trump para "libertar o povo da Venezuela". Em discurso na sessão plenária da 67ª Cúpula do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu (PR), Milei afirmou que a Venezuela segue "padecendo de uma crise política, humanitária e social devastadora".
"A ditadura atroz e desumana do narcoterrorista Nicolás Maduro lança uma sombra escura sobre a nossa região", declarou. "Esse perigo e essa vergonha não podem continuar existindo no nosso continente, ou vão terminar arrastando todos consigo." O presidente argentino reforçou: "Reiteramos nosso chamado de que se respeite a vontade do povo venezuelano".
Milei também destacou o reconhecimento internacional à coragem de María Corina Machado, vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025. O prêmio foi entregue na semana passada à filha da opositora, Ana Corina Sosa Machado, que leu um discurso escrito pela mãe, defendendo a democracia e classificando o chavismo como "terrorismo de Estado".
Crítica regional
Nesta semana, Milei gerou polêmica ao publicar nas redes sociais uma ilustração que comparava Brasil, Uruguai, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa a uma grande favela, enquanto os demais países da América do Sul eram retratados como áreas futuristas.
No discurso, Milei afirmou que a experiência mostrou que a Argentina já decidiu romper com o "modelo falido" de protecionismo, burocracia e complacência. Segundo ele, o país agora produz, comercializa e compete internacionalmente sem depender "do capricho de Estados nem de regulações absurdas". "Se realmente queremos prosperidade, aceitemos a coragem de deixar para trás as receitas fracassadas", declarou.
Sobre a vitória de José Antonio Kast no Chile, Milei avaliou que o resultado expressa "uma clara demanda social por economias mais competitivas, abertas e flexíveis". Para ele, a mudança política na América Latina deve ser interpretada como um sinal ao Mercosul. "Os países que não acompanharem essa nova realidade seguirão em uma inércia que o mundo já deixou para trás", alertou.
O presidente argentino concluiu: "A pergunta que vemos nos fazer hoje é simples: queremos um Mercosul que seja um motor de crescimento ou um freio para o futuro? A Argentina já respondeu a essa pergunta. Liberemos as forças produtivas que ficaram décadas contidas".
O vídeo do discurso foi divulgado posteriormente pela comunicação do governo argentino. O governo brasileiro transmitiu ao vivo apenas as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presidente pro tempore do Mercosul até dezembro, e do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Os demais países registraram as falas de seus presidentes. Apenas o Paraguai, que assume a presidência do bloco em janeiro por seis meses, fez a transmissão em tempo real.