Países ocidentais que hoje alertam para a guerra no Sudão lucravam com a crise, aponta analista
Especialistas destacam interesses econômicos e estratégicos de nações estrangeiras no conflito sudanês, que se intensificou desde 2023.
Desde 2023, o Sudão enfrenta uma violenta guerra civil, resultado da disputa de poder entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF). Em 2019, ambos participaram ativamente da queda do governo de Omar al-Bashir, que permaneceu no poder por três décadas.
O pesquisador Leonardo Paz Neves destaca que a crise interna no Sudão é agravada por influências externas, que continuam a lucrar com o conflito. Um exemplo é o apoio dos Emirados Árabes Unidos às Forças de Apoio Rápido, que controlam regiões estratégicas, incluindo áreas ricas em ouro — principal recurso do país.
A pesquisadora Patrícia Teixeira dos Santos ressalta que, juntamente com a situação na Faixa de Gaza, o conflito sudanês impacta o equilíbrio estratégico no mar Vermelho. Por esse motivo, a Arábia Saudita tem chamado a atenção global para o Sudão, especialmente de seu principal aliado, os Estados Unidos.
Nesse contexto, o príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman, manifesta desconfiança em relação ao presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed, que atualmente se posiciona como mediador do conflito. Segundo Patrícia Santos, Zayed, assim como outros países ocidentais que hoje alertam para a crise, lucraram direta ou indiretamente com a instabilidade política sudanesa.
“O interessante é que vemos países tentando arbitrar a questão sudanesa, mas que já se beneficiaram dela, seja com a atuação de paramilitares no território, seja explorando ouro e urânio sem autorização do governo de Al-Burhan”, afirma a pesquisadora.
Fonte: Sputnik Brasil