STF anula parte de investigação contra governador do Acre
Supremo reconhece irregularidades em apuração sobre Gladson Cameli; parte das provas é invalidada
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta sexta-feira (19) anular parte da investigação da Polícia Federal (PF) que apurava denúncias contra o governador do Acre, Gladson Cameli.
Com base nessas acusações, Cameli tornou-se réu no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e fraude em licitação.
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A denúncia envolve o suposto desvio de recursos públicos por meio de empresas contratadas pelo governo estadual.
Segundo a PF, tais empresas teriam subcontratado firmas ligadas a familiares do governador, facilitando desvios estimados em cerca de R$ 11 milhões.
Votos
O colegiado formou maioria de 4 a 1 para acatar o recurso da defesa e reconhecer irregularidades na apuração. A votação virtual foi concluída nesta sexta-feira.
A defesa alegou que a investigação utilizou relatórios do Coaf e outras medidas sem autorização judicial.
Prevaleceu o voto do ministro André Mendonça, que destacou irregularidades no início das investigações, especialmente na requisição de relatórios financeiros do Coaf pela PF.
As suspeitas começaram a ser investigadas em 2019, e só posteriormente o caso foi remetido ao STJ, órgão competente para julgar governadores.
“Dou provimento parcial ao recurso para reconhecer, no tocante ao paciente, a usurpação da competência do STJ nas investigações realizadas entre 25/05/2020 e 12/01/2021. Assim, voto para declarar a nulidade das provas produzidas contra o paciente e encartadas no período, bem como das provas delas diretamente derivadas”, afirmou Mendonça.
O entendimento foi seguido pelos ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Nunes Marques, este último com ressalvas. Nunes Marques votou pela retirada do relatório do Coaf, mas não pela anulação de parte da investigação.
O relator, Edson Fachin, foi o único a votar contra o recurso da defesa.
Julgamento
Paralelamente ao recurso no STF, a Corte Especial do STJ iniciou na quarta-feira (17) o julgamento da ação penal contra Gladson Cameli.
Durante a sessão, a ministra Nancy Andrighi, relatora, votou pela condenação do governador a 25 anos de prisão e ao pagamento de R$ 11 milhões em indenização, além da perda do cargo.
Em seguida, o ministro João Otávio de Noronha pediu vista do processo.
Devido ao recesso de fim de ano, o julgamento será retomado em 2026.