ECONOMIA & TRABALHO

Fiemg propõe medidas ao Ministério do Trabalho para frear endividamento com crédito consignado

Federação mineira sugere limites a juros, margem consignável e restrição a apostas para quem possui empréstimo, visando proteger trabalhadores do setor privado.

Publicado em 19/12/2025 às 16:31
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial Nano Banana (Google Imagen)

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) encaminhou, na última quinta-feira (18), um ofício ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) com propostas para reduzir os riscos do novo modelo de crédito consignado.

O documento, elaborado pela Gerência Trabalhista da Fiemg em conjunto com as centrais sindicais CUT, CTB e Força Sindical — integrantes do Fórum Emprego e Renda —, foi apresentado ao secretário de Proteção ao Trabalhador, Carlos Augusto Simões.

Entre as principais sugestões, a Fiemg propõe: 1) impedir que pessoas com CPF vinculado a empréstimos consignados possam apostar em plataformas de jogos, medida já adotada para beneficiários do Bolsa Família e do BPC; 2) limitar a margem consignável a 35% do salário líquido real, e não do salário bruto; e 3) estabelecer um teto para a taxa de juros aplicada a trabalhadores do setor privado.

De acordo com a Fiemg, entre março — início do programa Crédito do Trabalhador — e outubro, foram liberados R$ 82,1 bilhões em crédito consignado, com 12,2 milhões de contratos firmados para 7,1 milhões de trabalhadores. O valor médio de empréstimo por beneficiário ultrapassa R$ 11 mil, com taxa média de juros de 4,38% ao mês.

Minas Gerais figura entre os três estados com maior volume de contratação do crédito consignado, totalizando R$ 6,4 bilhões, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. A entidade destaca que a expansão do crédito veio acompanhada de um "aumento preocupante" no custo dos empréstimos e da redução dos prazos de pagamento. Em 2025, a taxa anual média do consignado privado saltou de 38,7% para 52,6%, enquanto o prazo médio caiu de 51,3 para 40,9 meses.

"A FIEMG entende que o crédito é um instrumento importante de acesso ao consumo e à estabilidade financeira, mas é preciso garantir que ele seja sustentável. O novo consignado está pressionando a renda do trabalhador e pode empurrar muitos à informalidade", afirmou o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe.