Justiça revoga cautelares e determina retorno à prisão de Kel Ferreti condenado por estupro
Desembargador do TJ-AL decretou prisão preventiva de Kel Ferreti; vítima acionou botão do pânico três vezes após ele passar ao semiaberto
A Justiça de Alagoas determinou a revogação das medidas cautelares e o retorno à prisão do influenciador digital Kel Ferreti, condenado pelo crime de estupro ocorrido em 16 de junho de 2024, em Maceió. A prisão preventiva foi decretada pelo desembargador João Lessa, da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), e o mandado foi expedido na quinta-feira (18).
De acordo com o processo, o abuso sexual aconteceu em uma pousada localizada no bairro de Cruz das Almas. No relato apresentado à Justiça, a vítima afirma que foi agredida com socos, tapas e estrangulamento, além de ter sido impedida de deixar o local. Segundo a denúncia, mesmo diante das tentativas de resistência, o agressor não cessou a violência.
Kel Ferreti havia sido preso inicialmente em dezembro de 2024, durante uma operação policial que investigava crimes relacionados a jogos online. Em abril deste ano, ele foi condenado a 10 anos de prisão por estupro. Posteriormente, em agosto, a pena foi reduzida para sete anos, e o influenciador passou a cumprir a condenação em regime semiaberto, com o uso de medidas cautelares.
Entre as restrições impostas, Kel Ferreti estava proibido de se aproximar da vítima, embora pudesse frequentar ambientes públicos, como bares e festas, e manter atividade nas redes sociais. Desde que ele deixou o sistema prisional, o botão do pânico concedido à vítima foi acionado três vezes. O dispositivo é utilizado para alertar imediatamente as autoridades em caso de descumprimento de medidas protetivas e é monitorado pelo sistema de Justiça e pelas forças de segurança.
Segundo informações divulgadas pelo programa Fantástico, da TV Globo, o estado emocional da vítima é considerado bastante abalado. Os advogados Marcelo Melo e André Sampaio relataram que a mulher, que é enfermeira, enfrenta um quadro de depressão e ainda tenta se reestruturar financeiramente. Além da violência sexual, ela também teria sido prejudicada por golpes financeiros ligados a esquemas de jogos online, nos quais Kel Ferreti é apontado como um dos líderes.
“Desde que ele saiu da prisão, ela está muito mais abalada do que estava antes. Ela precisa se reerguer do zero, inclusive financeiramente”, afirmaram os advogados da vítima.
Em nota, a defesa de Kel Ferreti declarou “profundo inconformismo” com a decisão judicial. Os advogados alegam que a decretação da prisão preventiva é ilegal, nula do ponto de vista processual e violaria o princípio da colegialidade, já que a matéria estaria sob análise da Câmara Criminal. A defesa também sustenta que não há provas concretas de descumprimento das medidas cautelares e afirma que falhas no monitoramento eletrônico teriam sido previamente comunicadas ao órgão responsável.
Ainda segundo a nota, os advogados informaram que medidas judiciais já estão sendo adotadas nas instâncias superiores para tentar reverter a decisão e garantir, segundo eles, o respeito ao devido processo legal.