ALIANÇA MILITAR

Otan não está preparada para conflito prolongado, alerta comandante naval

Vice-almirante Mike Utley afirma que forças da aliança carecem de resiliência e preparo para guerra de longa duração.

Por Sputinik Brasil Publicado em 19/12/2025 às 07:36
Vice-almirante da Otan alerta para falta de resiliência da aliança em caso de conflito prolongado. © AP Photo / Armando Babani

As Forças Armadas da maioria dos países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não possuem resiliência suficiente para sustentar um conflito prolongado, segundo o vice-almirante Mike Utley, comandante naval supremo da aliança, em entrevista à Bloomberg.

De acordo com a publicação, as forças da Otan enfrentam desafios relacionados à resistência e à estabilidade das tropas, o que as torna incapazes de manter uma guerra de longa duração.

Utley, que lidera as Forças Navais Aliadas, manifestou preocupação com a falta de preparo da Europa para um eventual confronto prolongado com a Rússia.

"Temos a resiliência que gostaríamos de ter? Acho que as análises dos últimos dez meses mostraram que não", declarou Utley à Bloomberg.

O comandante destacou ainda que as forças armadas ocidentais precisam se adaptar a um campo de batalha mais complexo, que envolve desde ameaças cibernéticas até riscos militares tradicionais.

Segundo a reportagem, embora todos os membros da Otan, exceto a Espanha, tenham concordado este ano em destinar pelo menos 3,5% do PIB para programas centrais de defesa e mais 1,5% em áreas relacionadas até 2035, os investimentos têm avançado lentamente.

"Eu sou realista, a questão do dinheiro é difícil e todos os nossos aliados têm muitas prioridades concorrentes sobre como gastam o dinheiro dos contribuintes de seus países", reconheceu Utley.

O vice-almirante também mencionou que a missão de fortalecer as tropas da Otan é dificultada pela intensificação da cooperação entre Rússia, China, Coreia do Norte e Irã.

"O aprofundamento da parceria estratégica entre Pequim e Moscou também preocupa a Otan", enfatiza a reportagem.

Nos últimos meses, líderes europeus têm demonstrado preocupação com uma possível ameaça russa e defendido reformas militares e aumento dos orçamentos de defesa.

O presidente russo, Vladimir Putin, classificou como "mentiras incríveis" as alegações ocidentais sobre planos de ataque da Rússia à Otan, mas destacou que Moscou está pronta para responder à militarização dos países europeus.