Haddad diz que campanha é incompatível com cargo e sucessão cabe a Lula
Ministro afirma que desejo de colaborar na reeleição de Lula inviabiliza permanência na Fazenda e que escolha do sucessor é decisão exclusiva do presidente.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (18) que seu desejo de colaborar com a campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026 é "incompatível" com a permanência no cargo. Haddad frisou que a escolha de seu sucessor cabe exclusivamente ao presidente Lula e evitou citar nomes.
"Meu desejo de colaborar com a campanha de Lula é incompatível com ser ministro da Fazenda, não tem como", declarou durante café com jornalistas. Ele ressaltou que não há prazo definido para sua saída, já que não pretende se candidatar a nenhum cargo. "Minha saída não tem nada a ver com abril." O ministro explicou que só abordou seu futuro político após a conclusão da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 e da aprovação das medidas necessárias para fechar o orçamento.
Haddad afirmou que o debate gira em torno do melhor momento para a transição no comando da pasta, e que, em sua avaliação, o prazo ideal seria até "o mais tardar fevereiro". "Na minha volta das férias, em 11 de janeiro, vou conversar com o presidente Lula", acrescentou.
Sobre possíveis sucessores, Haddad destacou a qualidade técnica da equipe que o acompanha e afirmou que, se Lula perguntar, indicará nomes. "Quem trabalha comigo são pessoas da mais alta capacidade técnica", elogiou.
Candidatura
O ministro negou qualquer intenção de disputar cargos eletivos no próximo ano. "Não vivo da política", afirmou, lembrando que, em 2020, não se candidatou à prefeitura de São Paulo, apesar dos apelos.
"Tive conversa com o presidente sobre candidatura. Ele falou para vocês (jornalistas) hoje o mesmo que disse a mim: que respeitaria minha decisão. Quando conversei com ele, essa foi sua reação após eu dizer que não tinha intenção de concorrer em 2026."
Haddad ainda esclareceu que não foi procurado por Lula para tratar de candidatura: "Fui eu que, em uma circunstância que considerei apropriada, puxei o assunto". Ao ser questionado sobre a possibilidade de compor a chapa de Lula como vice-presidente, respondeu: "Não sei de onde saiu isso".
Relação com o PT
O ministro destacou sua longa relação com o PT, partido ao qual é filiado desde 1985. "Minha relação é com a militância do PT. Tenho muito apreço pelo chão de fábrica do PT, é povo trabalhador", afirmou. Sobre críticas internas, disse recebê-las "com naturalidade".
Haddad também ressaltou que sua relação com Lula é antiga, tendo participado de todos os mandatos do presidente. Ele considerou "muito notável" o fato de que temores internos do partido foram superados pelos resultados alcançados. "Os temores da direita também foram vencidos, porque o projetado não aconteceu", afirmou, defendendo que as projeções econômicas iniciais para 2026 estavam equivocadas.
Prestes a deixar o cargo, Haddad comentou que a rotina na Fazenda "nunca está mais fácil, assombração aparece aqui o tempo inteiro". Brincou ainda sobre a existência de um suposto bolão sobre quanto tempo duraria no ministério.