DECISÃO DO SUPREMO

STF determina criação de plano nacional para combater racismo estrutural

Governo federal terá 12 meses para elaborar medidas concretas de enfrentamento ao racismo em diversas áreas

Publicado em 18/12/2025 às 19:12
STF determina elaboração de plano nacional para combater o racismo estrutural no Brasil.

O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, nesta quinta-feira (18), a existência do racismo estrutural no Brasil e determinou a elaboração de um plano nacional de enfrentamento ao problema.

De acordo com a decisão, o governo federal terá até 12 meses para apresentar o plano, que deve conter metas, etapas de implantação e mecanismos de monitoramento dos resultados.

Segundo as diretrizes do STF, a União deverá adotar medidas concretas de combate ao racismo estrutural nas áreas de saúde, segurança pública, segurança alimentar e proteção à vida.

O plano também deverá incluir ações reparatórias pelas violações dos direitos da população negra e implementar um protocolo específico de atendimento a pessoas negras no Judiciário.

Além disso, está prevista a realização de campanhas publicitárias de combate ao racismo e ao preconceito contra religiões de matriz africana.

As medidas poderão ser incorporadas ao atual Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Planapir) ou resultar em um novo plano.

Julgamento

A decisão foi tomada no julgamento de uma ação apresentada pela Coalizão Negra por Direitos, entidade que reúne representantes do movimento negro, e por sete partidos políticos (PT, PSOL, PSB, PCdoB, Rede, PDT e PV), que pediram o reconhecimento do "estado de coisas inconstitucional" em relação ao racismo estrutural no país.

Os processos foram protocolados no STF em maio de 2022, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O julgamento começou no mês passado, quando se formou maioria a favor da adoção do plano. Nesta quinta-feira, os ministros Gilmar Mendes e Edson Fachin, presidente da Corte, proferiram os últimos votos.

Fachin destacou o histórico de violações dos direitos da população negra no Brasil e afirmou que o plano é necessário diante da insuficiência das políticas reparatórias até o momento.

"É notório que o Estado brasileiro implementou políticas e práticas que resultaram no aprofundamento da exclusão. A ausência de políticas reparatórias no período pós-abolição e as políticas de branqueamento promovidas pelo Estado brasileiro alimentaram um sistema de hierarquia social na qual a população negra ainda tem os direitos fundamentais vilipendiados", declarou o ministro.

No mês passado, a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que está comprometida com a adoção do plano e irá coordenar os trabalhos do governo federal para implementar as medidas.

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