“Árvore de CD” ressuscita em buraco da Águas do Sertão e vira símbolo do caos urbano
A famosa “árvore de CD”, que marcou campanhas políticas passadas em Palmeira dos Índios como símbolo de abandono e descaso com a cidade, voltou a dar sinais de vida — desta vez em pleno centro urbano. O episódio foi registrado nesta semana na avenida Antônio Matias, uma das principais vias do município, onde a curiosa “árvore” ressurgiu dentro de um buraco aberto durante obras da empresa Águas do Sertão.
A cena, carregada de ironia e indignação popular, rapidamente se espalhou nas redes sociais e reacendeu o debate sobre a situação crítica das ruas e avenidas de Palmeira dos Índios. Buracos abertos, serviços inacabados, vias esburacadas e transtornos diários têm se tornado rotina desde o início das intervenções da concessionária responsável pelos serviços de água e esgoto no município.
A Águas do Sertão é alvo constante de críticas da população e de setores da sociedade civil, que atribuem à empresa a degradação das chamadas “artérias” da cidade — ruas e avenidas que, após escavações, muitas vezes permanecem sem a devida recomposição do pavimento. O resultado é um cenário de prejuízos para motoristas, comerciantes, pedestres e moradores.
A chegada da concessionária a Palmeira dos Índios ocorreu durante a gestão do ex-prefeito Júlio César, responsável pela assinatura de um contrato que concedeu os serviços de água e esgotamento sanitário do município à empresa por um período de 40 anos. O acordo envolveu o montante de R$ 100 milhões, valor que, até hoje, é alvo de questionamentos e críticas por parte da população.
Segundo denúncias recorrentes, a prestação de contas desses recursos nunca foi devidamente esclarecida, apesar de já conhecida pela população, pois foi gasta em custeio, tampouco houve, até o momento, uma investigação aprofundada por parte da Câmara de Vereadores do município. A falta de transparência alimenta desconfiança e amplia o sentimento de abandono vivido pela cidade.
Hoje, Palmeira dos Índios enfrenta o que muitos classificam como um verdadeiro descalabro urbano: ruas destruídas, serviços mal executados e a sensação de que o município foi entregue a um modelo de concessão que trouxe mais problemas do que soluções. Nesse contexto, a “árvore de CD” reaparece como um símbolo amargo — não apenas do passado político da cidade, mas da repetição de erros que continuam a penalizar a população.
Enquanto isso, cresce a cobrança por explicações, responsabilizações e providências concretas, tanto da empresa concessionária quanto das autoridades que permitiram e ainda sustentam o atual modelo. Para muitos palmeirenses, a cidade segue pagando um preço alto por decisões políticas que transformaram o cotidiano urbano em um verdadeiro teste de resistência.