PLANO NACIONAL DE LOGÍSTICA

Diagnóstico do governo para transportes aponta excesso do rodoviário e falhas logísticas

Avaliação Estratégica do PNL 2050 revela desequilíbrio na matriz de transportes, dependência do modal rodoviário e vulnerabilidades do sistema frente a eventos climáticos.

Publicado em 18/12/2025 às 14:40
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial Nano Banana (Google Imagen)

O governo federal apresentou nesta quinta-feira, 18, a Avaliação Estratégica do Plano Nacional de Logística (PNL) 2050, trazendo um diagnóstico detalhado sobre o setor de transportes no Brasil. O estudo aponta desequilíbrio na matriz de transportes, com dependência excessiva do modal rodoviário, subutilização das ferrovias, gargalos no escoamento de cargas e problemas de integração no transporte de passageiros. O documento também destaca a baixa qualidade das vias rodoviárias secundárias, saturação de eixos logísticos e vulnerabilidade do sistema às mudanças climáticas.

O PNL tem como objetivo planejar o futuro da infraestrutura de transportes do país a longo prazo, integrando todos os modais (rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo). A proposta busca reduzir custos, aumentar a eficiência, diminuir a emissão de poluentes, garantir o escoamento da produção e melhorar o deslocamento da população. O trabalho conjunto entre o Ministério dos Transportes e o Ministério de Portos e Aeroportos serve como referência para investimentos e modernização do setor, com metas estabelecidas até 2050.

A avaliação identificou 12 problemas abrangentes que afetam todo o sistema de transportes, incluindo a concentração no modal rodoviário, baixa integração entre modais, falta de segurança pública, escassez de mão de obra e limitações institucionais à multimodalidade. O documento também chama atenção para a vulnerabilidade da infraestrutura diante de eventos climáticos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul e as secas severas no Norte do país.

No transporte de cargas, o PNL mapeou problemas específicos em três eixos principais. No escoamento para exportação, com foco na origem, foram identificados 18 problemas; no escoamento para o mercado doméstico, também na origem, outros 23; e, no eixo de abastecimento interno, com foco no destino, foram apontados 13 problemas.

Pela primeira vez, a avaliação do PNL incorporou a análise da intermodalidade no transporte de passageiros. Foram identificados três problemas de saturação de eixos consolidados e quatro relacionados à falta de acessibilidade. O diagnóstico destaca ainda a saturação aeroportuária e rodoviária, além da competição entre modais. Também foi apontada a exclusão territorial, sobretudo na região Norte, devido à carência de infraestrutura e à baixa oferta de voos regionais.

Metodologia

A avaliação integra o Planejamento Integrado de Transportes (PIT) e tem como diretriz a busca por uma matriz mais equilibrada, com incentivo à intermodalidade e ao uso de modos mais eficientes operacional e economicamente. O trabalho consolida o diagnóstico de problemas, deficiências e oportunidades do sistema de transportes brasileiro a partir de dados de 2023.

O estudo foi estruturado em quatro etapas: obtenção de insumos, formação do diagnóstico, definição de objetivos de atuação e construção do cenário-meta. Para embasar as análises, foram realizadas 95 entrevistas com empresas e associações dos setores produtivo e de transportes, além de um survey com 460 respostas. O estudo utilizou o modelo de simulação da Infra S.A. e contou com entrevistas em todos os 27 Estados.

Os resultados do diagnóstico subsidiam a definição do cenário-meta do PNL 2050, cujos indicadores passam a nortear as metas do PIT. Durante o evento de apresentação, foi assinada portaria que abriu consulta pública sobre o relatório da avaliação. A consulta estará disponível entre esta sexta-feira, 19, e 18 de janeiro do próximo ano, por meio da plataforma Participa + Brasil.