Lula avalia conversar com Trump antes do Natal para evitar confronto entre EUA e Venezuela
Presidente brasileiro busca intermediar diálogo diplomático e evitar escalada militar na América do Sul.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (18) que conversou com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tentar evitar um "confronto armado" entre os dois países. Lula também disse que avalia uma nova conversa com Trump antes do Natal para discutir o tema. As declarações foram dadas durante encontro com jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília.
"Nós estamos preocupados", disse Lula. "Eu estou pensando, antes de chegar o Natal, eu possivelmente tenha que conversar com o presidente Trump outra vez para saber o que é possível o Brasil contribuir para que a gente tenha um acordo diplomático e não uma guerra fratricida", declarou.
O presidente brasileiro relatou ter defendido a resolução do conflito sem o uso de armas. "Com relação à Venezuela, eu tive a oportunidade de conversar com o presidente Maduro por quase 40 minutos. Depois, conversei com o presidente Trump sobre a questão da Venezuela. Disse para o Trump da preocupação do Brasil com a Venezuela, porque isso aqui é uma zona de paz, isso aqui não é uma zona de guerra", afirmou.
Lula acrescentou: "Eu disse para ele que as coisas não se resolveriam dando tiro. Que era melhor sentar em volta de uma mesa para a gente encontrar uma solução".
O presidente também questionou as motivações para uma possível guerra entre Estados Unidos e Venezuela. "Nunca ninguém diz concretamente por que é preciso fazer essa guerra. Não sei se o interesse é só o petróleo da Venezuela, não sei se o interesse são os minerais críticos, não sei se o interesse são as terras raras. O dado concreto é que ninguém coloca na mesa o que quer", ponderou.
Lula afirmou ainda ter oferecido ajuda tanto à Venezuela quanto aos Estados Unidos. "Falei para o presidente Maduro que, se ele quisesse que eu ajudasse em alguma coisa, ele tinha que dizer o quê que ele gostaria que a gente fizesse", relatou.
O presidente completou: "E disse ao Trump: se você achar que o Brasil pode contribuir, nós teremos todo o interesse de conversar com a Venezuela e conversar com vocês, conversar com outros países, para que a gente evite um confronto armado aqui na América Latina e na nossa querida América do Sul".
Nesta semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o bloqueio total de todos os petroleiros sancionados entrando e saindo da Venezuela, além de designar o regime de Nicolás Maduro como uma organização terrorista estrangeira.
Segundo Trump, o governo Maduro estaria utilizando petróleo de campos roubados para financiar atividades ilícitas, incluindo terrorismo de drogas, tráfico humano, assassinato e sequestro.
Lula declarou nesta quarta-feira (17) estar preocupado com as movimentações militares dos Estados Unidos contra a Venezuela. A fala ocorreu durante a última reunião ministerial do ano, na Granja do Torto.
"Estou preocupado com a América Latina. Estou preocupado com as atitudes do presidente Trump com relação à América Latina, com as ameaças. Nós vamos ter que ficar muito atentos com essa questão", alertou Lula aos ministros.
Os contratos futuros do petróleo mantiveram alta na madrugada desta quinta-feira, ainda sob impacto da decisão de Trump. Ontem, o presidente americano afirmou que os EUA estão obtendo direitos sobre terras e petróleo que a Venezuela teria retirado dos americanos de forma ilegal.
"A Venezuela expulsou nossas empresas, queremos voltar", disse Trump a repórteres. Sobre a situação dos petroleiros, o republicano afirmou: "É um bloqueio. Não deixaremos ninguém entrar".