POLÍTICA MONETÁRIA

BC reforça compromisso com meta de 3% em carta sobre descumprimento do alvo

Autoridade monetária detalha fatores que levaram inflação a superar o teto da meta, mas destaca sinais de convergência.

Publicado em 18/12/2025 às 11:29
Banco Central do Brasil Reprodução

O Banco Central reafirmou seu compromisso com a convergência da inflação ao centro da meta de 3%, em carta de acompanhamento publicada no Relatório de Política Monetária (RPM) desta quinta-feira, 18. A instituição destacou que suas decisões seguem orientadas para atingir a meta no horizonte relevante.

"O reenquadramento da inflação dentro dos limites estabelecidos para a faixa de tolerância é uma etapa natural do processo de convergência à meta", afirma o RPM.

No documento, o BC ressaltou que a meta contínua foi descumprida em junho, quando a inflação acumulada em 12 meses atingiu 5,35% — acima do teto de 4,50% pelo sexto mês consecutivo. Em novembro, o IPCA recuou para 4,46%, abaixo do limite superior.

Segundo a autoridade monetária, a desaceleração dos preços ao consumidor está alinhada com as projeções do cenário de referência. A moderação da demanda agregada é apontada como elemento central para a convergência da inflação à meta, com sinais de desaceleração observados nas leituras recentes de atividade.

"Por exemplo, no terceiro trimestre de 2025, o consumo das famílias apresentou menor crescimento que nos trimestres anteriores, refletindo o arrefecimento da renda disponível. Além disso, o elevado nível de endividamento e o aumento do comprometimento de renda com o serviço da dívida também podem ter contribuído para reduzir a capacidade de expansão do consumo", aponta o BC.

As projeções do Banco Central consideram uma redução gradual do hiato do produto, que segue em território positivo, ao longo dos próximos trimestres. A autarquia também destacou um ganho de confiança no processo de desinflação.

Desvio

O BC projeta que o IPCA de dezembro some 0,41%, levando a inflação acumulada em 12 meses para 4,35%. Se confirmada a projeção, a diferença em relação ao centro da meta (3%) será de 1,35 ponto percentual.

Os principais fatores que pressionaram a inflação para cima foram: inércia dos 12 meses anteriores (1,13 ponto percentual), expectativas de inflação elevadas (0,70 ponto), hiato do produto positivo (0,40 ponto) e bandeira tarifária de energia elétrica (0,18 ponto). Por outro lado, a inflação importada (-0,66 ponto) e outros fatores (-0,39 ponto) contribuíram para conter a alta.

"A dinâmica de convergência da inflação tem mostrado desaceleração de preços, embora a medida acumulada em 12 meses siga acima da meta de 3%. A desinflação gradual pode ser percebida em alguns componentes, especialmente na inflação importada", destaca o BC. "As projeções condicionais para a inflação nos próximos trimestres indicam que os fatores determinantes do desvio da inflação devem apresentar acomodação adicional, respondendo aos efeitos da transmissão da política monetária contracionista."