FGV/Icomex aponta impacto do tarifaço dos EUA, mas exportações brasileiras avançam no cenário global
Relatório indica que restrições impostas por Trump reduziram vendas aos EUA, mas aumento das exportações para a China e outros mercados compensou perdas.
O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros reduziu as vendas do Brasil para o mercado norte-americano. No entanto, segundo relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), esse impacto negativo foi compensado por um aumento nas exportações para outros parceiros, especialmente a China.
“Além disso, em novembro foi iniciado o degelo das relações entre o Brasil e os Estados Unidos, o que levou a movimentos favoráveis para o Brasil. No dia 14 de novembro, o governo dos Estados Unidos anunciou a isenção das tarifas recíprocas de 10% sobre 238 produtos agrícolas, o que beneficiava todos os países. Em 20 de novembro foi anunciada a remoção do tarifaço de 40% de 269 produtos, sendo 249 do setor da agropecuária. Os efeitos dessa remoção só ficarão visíveis a partir de dezembro/janeiro”, destacou a FGV.
A expectativa da FGV é de que a balança comercial brasileira registre superávit entre US$ 61 bilhões e US$ 65 bilhões em 2025. Em novembro, o país alcançou superávit de US$ 5,8 bilhões. O volume de exportações cresceu 4,6% em relação a novembro de 2024, enquanto as importações avançaram 4,5%. De janeiro a novembro, o saldo acumulado foi de US$ 57,8 bilhões, valor US$ 11,7 bilhões inferior ao registrado no mesmo período de 2024. No acumulado do ano, as exportações aumentaram 4,3% em volume, e as importações, 7,7%.
Segundo o Icomex, a principal razão para o superávit menor entre janeiro e novembro de 2025, em comparação a igual período de 2024, foi o aumento do déficit comercial com os Estados Unidos, que saltou de US$ 800 milhões para US$ 7,9 bilhões, um acréscimo de US$ 7,1 bilhões.
Ao mesmo tempo, houve redução de US$ 3,3 bilhões no superávit comercial com a China, passando de US$ 30,7 bilhões para US$ 27,4 bilhões. Já as trocas com a Argentina resultaram em aumento de US$ 5,1 bilhões no superávit brasileiro, subindo de US$ 0,1 bilhão para US$ 5,2 bilhões. Em relação à União Europeia, o saldo passou de superávit de US$ 1,63 bilhão para déficit de US$ 1,2 bilhão.
“Trump superestimou a capacidade dos Estados Unidos em provocar danos gerais às exportações brasileiras”, avaliou o relatório do Icomex. “Com a suspensão do tarifaço sobre grande parte dos produtos agropecuários, a negociação não termina. O desafio agora é conseguir retirar o tarifaço das manufaturas que não foram isentas. (...) Por fim, ainda não se tem notícia que concessões o presidente Trump deseja do Brasil. A imprevisibilidade e as incertezas continuam.”