CRISE ENERGÉTICA

Enel segue sob pressão após apagões causados por ciclone em São Paulo

Concessionária enfrenta críticas e risco de perder concessão após milhões ficarem sem energia na Grande SP.

Publicado em 17/12/2025 às 23:19
Equipe da Enel trabalha para restabelecer energia após ciclone que atingiu a Grande São Paulo. © Sputnik Brasil / Guilherme Correia

A Enel Distribuição São Paulo permanece no centro das críticas após a forte ventania e o ciclone extratropical que deixaram milhões de clientes sem energia na região metropolitana no último dia 10.

O Ministério de Minas e Energia anunciou que solicitará à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a abertura de processo para avaliar uma possível rescisão do contrato de concessão da empresa no estado de São Paulo.

O fenômeno climático histórico afetou cerca de 2,2 milhões de consumidores, resultando em danos a postes, cabos e transformadores, além de quedas de árvores que dificultaram os trabalhos de restauração da energia.

No início desta semana, mais de 30 mil clientes ainda estavam sem luz, principalmente na capital paulista. Mesmo nesta quarta-feira (17), ainda há estabelecimentos com quedas ou interrupção no fornecimento, conforme apurado pela reportagem, embora a Enel afirme que a situação geral "voltou ao padrão de normalidade".

A Justiça chegou a determinar que a concessionária restabelecesse o fornecimento em até 12 horas, sob pena de multa, após relatos de consumidores que permaneceram sem energia dias após o temporal.

Além do cenário político tenso, a Enel já foi alvo de chamados e intimações da Aneel por respostas consideradas insuficientes a apagões anteriores provocados por eventos climáticos extremos nos últimos anos.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que a atuação da Enel após o ciclone extratropical será analisada sob critérios técnicos e regulatórios, ressaltando que eventos climáticos extremos não eximem a concessionária de suas responsabilidades contratuais.

Segundo o ministro, a abertura de processo na Aneel busca avaliar se houve falhas estruturais, de planejamento ou de resposta que possam justificar sanções mais severas, inclusive a possibilidade de caducidade da concessão.

Silveira também enfatizou que a recorrência de apagões em episódios de chuvas e ventos intensos acende um alerta sobre a resiliência da rede elétrica operada pela Enel.

Para o ministério, a discussão ultrapassa o episódio recente e envolve temas como investimentos, manutenção preventiva e capacidade de resposta a emergências.

Do lado do governo paulista, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) endureceu o discurso, afirmando que o estado não pode conviver com sucessivas interrupções prolongadas no fornecimento de energia e que o consumidor "não pode pagar o preço" por falhas operacionais repetidas.

Por Sputinik Brasil