O que está por trás do interesse israelense ao insistir na desmilitarização do Hezbollah?
Especialistas analisam motivações políticas, territoriais e energéticas por trás da pressão de Israel sobre o grupo libanês.
O que motiva Israel a insistir na desmilitarização do Hezbollah? No final de novembro, as Forças de Defesa de Israel anunciaram a morte de um dos líderes do Hezbollah em um ataque, fato que contribuiu para a escalada das tensões e a interrupção do cessar-fogo vigente desde o ano passado.
Diante do cenário alarmante, surge a questão: o que Israel busca com o Líbano? Para a internacionalista Karina Calandrin, o objetivo israelense é negociar com um Líbano desvinculado do Hezbollah. Em dezembro, ocorreu a primeira negociação civil entre israelenses e libaneses, um marco inédito desde a incursão israelense ao Líbano na década de 1980.
O historiador Murilo Meihy destaca que, por trás da ofensiva histórica de Israel, está o interesse em expandir sua influência territorial, especialmente no sul do Líbano. "Há uma disputa envolvendo Líbano, Israel e Chipre pelo território marítimo do Mediterrâneo Oriental, região onde, desde os anos 2000, foram descobertas grandes reservas de petróleo e gás offshore", explica.
Com o pedido de desmilitarização do Hezbollah feito por Israel e apoiado pela ONU, observa-se a intensificação das incursões israelenses no território libanês, desrespeitando até mesmo as tentativas do Exército libanês de controlar a região. "Sem o Hezbollah, é ruim; com o Hezbollah, era menos ruim, mas ninguém sabe para onde vai", avalia Meihy.
Apesar da complexidade do contexto, Karina Calandrin acredita que as negociações civis podem contribuir para a redução das tensões. Além disso, a possível saída do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nas próximas eleições em Israel pode alterar a dinâmica das negociações territoriais.
Por Sputnik Brasil