Sucesso antirracista, Projeto Querino vira curso para educadores
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"Enquanto eu fazia o roteiro do Projeto Querino, pensei muito nas amigas da minha mãe, em um bairro na periferia de Belo Horizonte, onde fui criado. Se elas não entendessem, não faria sentido fazer".
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A declaração resume a preocupação do jornalista Tiago Rogero em construir uma comunicação antirracista eficaz com o Projeto Querino , podcast que fez sucesso ao mostrar as engrenagens do racismo no Brasil e agora fundamentou o curso “Projeto Querino na sala de aula”, para orientar a divulgação desse conteúdo nas escolas do país.
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A formação tem 30 horas de duração e é voltada para profissionais da educação que lecionam na educação básica de diferentes áreas do conhecimento e também a gestores de escolas e secretarias de educação. O lançamento foi na tarde da última quarta-feira (23), na sede da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), em Brasília.
O curso está disponível gratuitamente na página da Escola Fundação Itaú .
Ao falar para os educadores no evento, o jornalista responsável pelo podcast defendeu que "contar essa história não é um favor", forma como a educação antirracista ainda é encarada por parte dos profissionais da educação mesmo depois de mais de 20 anos da Lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003, que apresentava a obrigatoriedade de inclusão da história e cultura afro-brasileira nos currículos esculares. Em 2008, a Lei 11.645/08 também determinava a formação dos estudantes sobre a história e a cultura indígena.
“Ainda é visto como menos história, como uma história de menor importância”, criticou Tiago Rogero, acrescentando que a história como ele aprendeu na escola “não dá conta de explicar o Brasil”.
A pedagoga especialista em Educação para as Relações Étnico-raciais Clea Ferreira participou do lançamento e destacou que o silêncio é cúmplice do racismo, e que o poder da narrativa construída pelo jornalista foi capaz de confrontá-lo;
“Me chamou bastante atenção a força que a palavra tem, a palavra do Tiago, a escolha das palavras, a cadência da voz, do texto, as conexões entre passado e presente, e como faz a gente olhar e pensar o futuro”, elogiou. “Sem eufemismos, sem dourar a pílula, e trazendo com muita verdade, com muita franqueza a nossa história, e, sobretudo, iluminando a contribuição da população negra, o despeito de todas as iniquidades”.
*colaborou Ana Carolina Alli, estagiária sob supervisão de Marcelo Brandão