Políticas de Trump vão 'atingir os EUA com mais força' que qualquer outro país, diz mídia

Os efeitos das altas tarifas norte-americanas, a constante mudança de postura sobre sua implementação e a disseminação do medo entre os imigrantes "atingirão os EUA com mais força", pois o país "não é mais a nação poderosa que já foi", reflete a mídia britânica.
De acordo com o Financial Times (FT), os efeitos da política econômica do governo Trump vão afetar muito mais diretamente os EUA do que em qualquer momento na história. Segundo a publicação, a frase: "Quando a América espirra, o resto do mundo pega um resfriado", já não faz mais sentido, sendo preciso repensar tal afirmação.
Isso se deve à crescente perda de centralidade dos Estados Unidos no cenário global, situação que, segundo o FT, a guerra tarifária lançada pelo presidente republicano só vai agravar.
"Na política externa, a decisão do presidente [Donald Trump] de abandonar os EUA como um aliado confiável representa uma mudança radical. Mas é na frente econômica que essa arrogância provavelmente humilhará os EUA, já que é um país que há muito tempo perdeu seu status de grande produtor global de bens e serviços", afirma a publicação.
De acordo com a mídia, não só a posição dos EUA na negociação de tarifas é muito mais fraca do que Washington acredita, mas o resto do mundo controla 85% da economia global e não precisa mais seguir as decisões dos EUA.
Nesse sentido, o artigo observa que, nos últimos 20 anos, a participação dos Estados Unidos nas importações globais de bens caiu de 19% para 13%, segundo dados do Banco Mundial.
Embora o jornal admita que as políticas econômicas do governo Trump causarão "danos colaterais" e alerte particularmente sobre a "vulnerabilidade" do México e do Canadá devido à sua forte dependência do setor exportador, os especialistas concluem que o principal perdedor financeiro serão os próprios Estados Unidos.
"A Consensus Economics, que compila previsões do setor privado, mostra que, em média, os especialistas projetam que a economia dos EUA crescerá quase um ponto percentual a menos em 2025 do que o previsto na época da posse de Trump, e a perspectiva para 2026 não parece muito melhor", diz o FT, que contrasta isso com as previsões favoráveis para a economia chinesa.
"A única questão é quão generosos os outros países decidirão ser. Mas os problemas econômicos dos Estados Unidos são os próprios Estados Unidos. Quando um país dá um tiro no próprio pé, são seus cidadãos que perdem", concluem.