CRISE DIPLOMÁTICA

Em reunião tensa, Lula cobra explicações de Abin e PF sobre espionagem contra o Paraguai, diz mídia

Publicado em 17/04/2025 às 20:33
© Foto / Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

A informação foi revelada nesta quinta-feira (17) pelo jornal Folha de S.Paulo. Conforme a publicação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nas últimas semanas com os chefes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, e da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues.

No fim de março, uma crise diplomática entre Brasil e Paraguai foi iniciada após serem reveladas ações de espionagem contra autoridades paraguaias durante as negociações sobre as tarifas de compra de energia pelo Brasil da Usina Hidrelétrica de Itaipu. O caso teria acontecido entre o fim da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o início do mandato de Lula.

De acordo com a publicação, a reunião foi tensa e "chegou a ser interpretada como uma acareação entre Corrêa e Rodrigues". Enquanto isso, para amenizar a situação, o Palácio do Planalto atribuiu a espionagem à antiga gestão. Porém, há suspeitas de que a ação teria continuado nos primeiros meses de 2023.

O jornal revelou ainda que, durante o encontro, o diretor-geral da PF informou que Alessandro Moretti, ex-número 2 da Abin demitido em janeiro do ano passado, teria autorizado a continuidade da espionagem.

Paraguai fala em 'reabrir velhas feridas' criadas pelo Brasil

No início do mês, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, afirmou que a suposta espionagem digital contra instituições-chave do governo paraguaio "reabre velhas feridas" e reacende o "ódio e ressentimento" em relação ao país vizinho.

"O Paraguai tem uma história bastante dura na região. Em um momento de nossa história, enfrentamos uma guerra de extermínio, a Guerra da Tríplice Aliança, contra três irmãos: Uruguai, Argentina e Brasil. Foi liderada principalmente pelo Brasil, que ocupou território paraguaio por quase uma década. E esse episódio de espionagem reabre velhas feridas. Queremos deixar para trás essa história de ódio e ressentimento contra o Paraguai, mas percebemos que ela ainda existe", declarou na época.

Em suas primeiras declarações públicas sobre o caso, Peña classificou o episódio como "uma notícia bastante desagradável".

Os dois governos assinariam um novo acordo em 30 de maio para substituir o antigo Anexo C, que trata dos aspectos financeiros da hidrelétrica e deveria ter sido revisado 50 anos após a sua entrada em vigor, prazo encerrado em 2023.


Por Sputinik Brasil